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Vaga na Câmara comprada com material de construção

Grampo obtido pelo Congresso em Foco mostra conversa em que funcionário diz ter gasto R$ 4 mil para reformar casa de suposta chefe do esquema em troca de emprego para os filhos

 
 
A gravação de uma conversa entre funcionários da Câmara mostra que o esquema de venda de vagas de terceirizados, revelado pelo Congresso em Foco, permitia várias formas de pagamento. Além dos tíquetes-alimentação, a despesa poderia ser quitada até com material de construção e mão-de-obra de pedreiros e pintores para a ex-funcionária terceirizada Patrícia Guedes Silva, acusada de comercializar as vagas na Casa.
Tudo está documentado com notas fiscais, segundo áudios como o trecho reproduzido abaixo. São duas conversas obtidas pelo site, que somam 37 minutos e 16 segundos e estão divididas em cinco arquivos digitais. A pedido da fonte que repassou os áudios, o Congresso em Foco só publica as transcrições das conversas, para evitar a identificação de um dos interlocutores.
Trecho da gravação
FUNCIONÁRIO X – Não, meu, a Patrícia tem o rabo preso com você não. (…)
SEVERINO ARAÚJO – É mesmo? Quem botou 60 metros de cerâmica na casa dela? (…) Eu comprei e botei. Quem botou? Quem pintou a casa dela? (…) Você vem falar pra mim: “Ela não tem rabo preso comigo”! (…)
FUNCIONÁRIO X – Você pintou a casa da mulher. Você botou cerâmica na casa dela. E aí? É rabo preso? (…)
SEVERINO – E o Rogério entrar aqui? (…) Tudo teve preço [inaudível] e eu anotei. Entendeu, pô? Eu tenho nota fiscal [som de palmadas na mão] da Madecon, entendeu? Tenho a nota fiscal [som de mais palmadas na mão]. O Luís pedreiro foi quem botou. O Zé Maria foi quem pintou. (…)Tudo tem rabo preso aqui.
 
Procurada pela reportagem, Patrícia reclamou de “perseguição” e não fez novos comentários.  Em entrevista, o garçom Severino Garcia de Araújo negou suas próprias declarações gravadas em áudio, ao dizer nunca ter comprado vagas.
Como mostrou o Congresso em Foco, a Polícia Legislativa da Câmara investiga um esquema de venda de vagas de garçons e copeiras na Casa. Patrícia foi indiciada pelos policiais por estelionato. Ela é acusada por duas ex-funcionárias de receber de R$ 1.000 a R$ 3.500 para contratar servidores terceirizados e de desviar copeiras da Câmara para lhe prestarem serviços particulares.
 
Na primeira conversa, no início de março deste ano, o nome de Patrícia não é dito. Severino, funcionário do Anexo II da Casa, e seu interlocutor referem-se apenas a “ela”. O garçom diz que pagou a “ela” o equivalente a R$ 4 mil ou mais pelas vagas de um filho identificado apenas como Rogério, que trabalhou na Câmara, e da filha Fernanda Freitas de Araújo, que atua no Anexo III. O problema é que Rogério foi demitido depois, o que irritou Severino.
Revestimento e pintura
Na segunda conversa, o nome de Patrícia é mencionado. Ela acontece depois da primeira reportagem do Congresso em Foco, publicada em 17 de junho. O garçom Severino diz que bancou uma obra na casa de Patrícia, que foi a encarregada geral dos 800 terceirizados na Câmara mantidos pela empresa Unirio Manutenção e Serviços Ltda. Severino afirma que pagou 60 metros quadrados de pisos cerâmicos, além da mão-de-obra de um profissional para colocar o revestimento e outro para fazer pintura.
Na gravação, o garçom diz possuir nota fiscal da loja para comprovar tudo. Em determinado momento, faz menção a um cheque assinado que “ficou lá.” O garçom assegura que não foi apenas um favor prestado a Patrícia. Explica que o motivo da obra realizada foi o emprego para seu filho Rogério: “E o Rogério entrar aqui?”. Severino afirma, com irritação, que a então encarregada geral tem “rabo preso” com ele.
 

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