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O senador Demóstenes defende-se e pede à PF que investigue escândalo do Senado

Citado na lista de parlamentares que se beneficiaram com boletins sigilosos, senador do DEM acusa ex-diretor-geral da Casa Agaciel Maia de promover nomeação sem o seu conhecimento

Os senadores goianos Demóstenes Torres (DEM) e Lúcia Vânia (PSDB) integram a lista dos 42 senadores que chancelaram os atos secretos da Casa ou foram diretamente beneficiados pelos boletins. Demóstenes subiu à tribuna e atacou o ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia, que teria aproveitado do expediente para infiltrar assessores nos gabinetes dos parlamentares sem o conhecimento desses.
O senador goiano disse que pedirá à Polícia Federal que investigue o escândalo, e afirmou que os colegas precisam fazer mea-culpa a respeito da crise que se instalou no Congresso. “Os culpados de tudo isso somos nós mesmos, que aceitamos que esse delinquente ficasse por tanto tempo à frente da Diretoria-Geral do Senado.”
Em 2007, Agaciel nomeou Lia Raquel Vaz de Souza para trabalhar no gabinete do senador, transferindo-a depois para o do petista Delcídio Amaral (MS). Lia é filha de Valdeque Vaz de Souza, braço direito de Agaciel no Senado.
Demóstenes distribuiu uma declaração do então diretor-geral – exonerado hoje – José Alexandre Gazineo, informando que o senador goiano jamais pediu a nomeação de Lia.
Mas Demóstenes assumiu a nomeação secreta de um outro funcionário poderoso da Casa. O senador abrigou em seu gabinete um filho de João Carlos Zoghbi, ex-diretor de Recursos Humanos. O nome de Marcelo Zoghbi aparece na lista de atos secretos. Ele foi exonerado no ano passado, em meio ao cumprimento da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) antinepotismo.

[b]Equívoco[/b]
Ouvida pela reportagem do DM, Lúcia Vânia afirmou que está na lista devido a um “equívoco” dos diretores da Casa. “Meu nome foi citado pelo simples fato de eu ter sido indicada para fazer parte da comissão de comemoração dos 150 anos do Senado. Acontece que esta indicação não foi publicada. O problema é a guerra interna dos funcionários daqui, que publicam para a imprensa os atos secretos e misturam tudo. É uma forma que eles utilizam para esconder o que realmente foi publicado”, explica a senadora.
Além dos 42 senadores, outros 27 ex-parlamentares teriam sido beneficiados pelos 663 atos secretos publicados desde 1995.

[b]Tião Viana[/b]
A exemplo de Demóstenes, o petista Tião Viana (AC) atacou Agaciel por não ter publicado decisões da mesa diretora assinadas por ele – como uma de fevereiro de 2005, que cria cargos de confiança para os senadores. “Não pedi para esconderem nada. Não fui conivente com nada. Se algum criminoso não levou adiante a sua responsabilidade de publicar, não é culpa minha”, disse. “Talvez, essa fosse uma forma de esconder o crime, que estava expropriando funcionários desta Casa. E nós queremos ir a fundo”, reforçou o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP). O petista, aliás, aparece na lista de atos secretos, com a troca de um servidor de carreira. Ele criticou a inclusão, alegando que não havia motivos para esconder isso. “Não há sentido.”

[b]Exonerações[/b]
Pressionado por senadores que vêm se revezando na tribuna do plenário para exigir seu afastamento do comando da Casa, o presidente José Sarney (PMDB-MA) exonerou ontem o diretor-geral, Alexandre Gazineo. Ele deixa a diretoria em meio ao escândalo dos atos secretos revelado há 13 dias e que também custou o cargo do diretor de Recursos Humanos, Ralph Campos. Mas a indicação do consultor do Senado Haroldo Tajra para substituir Gazineo, e de Dóris Peixoto para o lugar de Ralph, não acalmou os ânimos nem amenizou a crise.
A escolha fez com que líderes da oposição e até da base governista não vissem na troca um ato de transparência administrativa, mas uma “mudança” que permite a Sarney manter o controle político sobre a direção do Senado. Entre os motivos da descrença de que as demissões gerem mudança estão as ligações políticas dos indicados. Ambos foram escolhidos pelo primeiro secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), para “cumprir missão por 90 dias”. O novo diretor-geral é parente do primeiro suplente do senador, Jesus Tajra, e estava lotado na primeira secretaria desde 2001. Dóris é ligada ao clã Sarney e foi chefe de gabinete da ex-senadora e atual governadora do Maranhão, Roseana Sarney. Além disso, ao menos por enquanto, apenas um dos 663 atos secretos assinados pelo ex-diretor Agaciel Maia foi anulado: o que dava direito à assistência médica vitalícia para aqueles que estiveram à frente da diretoria-geral e da secretaria-geral do Senado.

[b]Senadores beneficiados por atos secretos[/b]
Aldemir Santana (DEM-DF)
Antonio Carlos Júnior (DEM-BA)
Augusto Botelho (PT-RR)
Cristovam Buarque (PDT-DF)
Delcídio Amaral (PT-MS)
Demóstenes Torres (DEM-GO)
Edison Lobão (PMDB-MA) – licenciado (ministro)
Efraim Moraes (DEM-PB)
Epitácio Cafeteira (PTB-MA)
Fernando Collor (PTB-AL)
Geraldo Mesquita (PMDB-AC)
Gilvam Borges (PMDB-AP)
Hélio Costa (PMDB-MG) – licenciado (ministro)
João Tenório (PSDB-AL)
José Sarney (PMDB-AP)
Lobão Filho (PMDB-MA)
Lúcia Vânia (PSDB-GO)
Magno Malta (PR-ES)
Marcelo Crivella (PRB-RJ)
Maria do Carmo (DEM-SE)
Papaléo Paes (PSDB-AP)
Pedro Simon (PMDB-RS)
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Roseana Sarney (PMDB-MA) renunciou para assumir o governo do MA
Sérgio Zambiasi (PTB-RS)
Serys Slhessarenko (PT-MT)
Valdir Raupp (PMDB-RO)
Wellington Salgado (PMDB MG)

[b]Senadores que assinaram atos quando integravam a mesa [/b]
Antonio C. Valadares (PSB-SE)
César Borges (PR-BA)
Eduardo Suplicy (PT-SP)
Garibaldi Alves (PMDB-RN)
Heráclito Fortes (DEM-PI)
Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR)
Paulo Paim (PT-RS)
Romeu Tuma (PTB-SP)
Tião Viana (PT-AC)

[i]Fonte: O Estado de S. Paulo[/i]
Fonte: Da Redação, com Agências Folhapress e Estado

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