O serviço de inteligência da Receita Federal e o Banco Central estão fazendo uma devassa nas contas e no patrimônio de conselheiros do Tribunal de Contas de Minas Gerais, suspeitos de cobrar propina para aprovar contratos de várias prefeituras com o grupo mineiro SIM (Instituto de Gestão Fiscal). Cinco conselheiros dos dois estados (três de Minas e dois do Rio) foram indiciados pela Polícia Federal sob acusação de aprovar irregularmente a liberação de recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para várias prefeituras. Os recursos eram intermediados pela empresa mineira.
As investigações do Fisco mostram que a maior parte dos conselheiros enriqueceu ilicitamente nos últimos 10 anos, depois de empossados no Tribunal de Contas. Segundo auditores, o patrimônio dos conselheiros está totalmente a descoberto em suas declarações de Imposto de Renda. Em suma, mesmo os salários, que chegam a R$ 56 mil por mês, são insuficientes para justificar a evolução patrimonial dos marajás.
A compra desenfreada de imóveis e carros de luxo e de propriedades rurais pelos conselheiros acabou ligando o radar dos auditores fiscais. A fúria consumista dos auditores teve o apogeu em 2004, quando, coincidentemente, os tribunais de Contas do Rio e de Minas Gerais se reuniram para aprovar as contas de centenas de prefeituras dos dois estados. Um exemplo: além de concluir as obras da chamada Ilha da fantasia (um resort particular) na Zona da Mata, o ex-presidente do TCE de Minas Elmo Braz, arrematou nestes anos várias fazendas seculares no interior do estado e uma casa de R$ 800 mil no Bairro Belvedere, na região nobre no Centro-Sul de Belo Horizonte.