A pedido do Ministério Público Eleitoral, a Polícia Federal abriu investigação sobre o suposto uso de caixa dois na campanha da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), em 2006. O agravamento da crise no governo gaúcho levou o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), a convocar uma reunião para amanhã para discutir a situação política no Estado.
Segundo o o superintendente da PF no Rio Grande do Sul, Ildo Gasparetto, o foco da investigação será o conjunto de denúncias feitas em fevereiro pelo PSOL sobre a suposta existência de vídeos e áudios que mostrariam a governadora e integrantes de seu governo praticando atos de corrupção durante o segundo turno da eleição e já durante o governo.
A PF foi acionada pelo procurador da República Vitor Hugo Gomes, que integra o Ministério Público Eleitoral. No ofício, o procurador pede que a PF ouça dirigentes do PSOL sobre as acusações e que apure a responsabilidade sobre crimes eleitorais, caso venham a ser comprovados.
No último dia 19, dois dirigentes do PSOL, a deputada Luciana Genro (RS) e o vereador de Porto Alegre Pedro Ruas, disseram, sem apresentar provas, que a Justiça Federal de Santa Maria e o Ministério Público Federal tinham gravações de áudio e vídeo em que Yeda e aliados aparecem em reuniões recebendo dinheiro não contabilizado para a campanha e discutindo o pagamento da casa da governadora com supostas sobras de caixa dois de campanha e a distribuição de um suposto mensalinho.
O PSOL afirma que os vídeos foram feitos por Lair Ferst, coordenador da campanha de Yeda em 2006 e um dos réus em ação penal da fraude de R$ 44 milhões no Detran gaúcho. O material teria sido entregue como parte de um acordo de delação premiada pelo ex-tucano Ferst. Nem o Ministério Público Federal nem a Justiça Federal de Santa Maria confirmaram a existência do material.
Os desdobramentos da crise levaram Guerra a chamar membros da executiva do PSDB para avaliar a crise no Rio Grande do Sul. Integrantes do diretório estadual do partido deverão participar da reunião. Yeda não estará presente. De acordo com a assessoria de Guerra, o encontro foi pedido pelos tucanos gaúchos.
Yeda, que ontem disse que as denúncias eram “requentadas” e feitas por “golpistas”, não falou sobre a abertura de investigação pela PF.
Encarregado de comentar o assunto pelo governo, o secretário estadual de Transparência, Carlos Otaviano Brenner de Moraes, disse, via assessoria, que o pedido do Ministério Público Eleitoral ocorreu dentro do “contexto legal”. “Na Justiça Eleitoral, as investigações são feitas normalmente pela Polícia Federal”, afirmou Brenner.