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Ministério Público apura elo entre caixa dois de MS e petistas

BRASÍLIA - Duas gráficas investigadas no suposto esquema de caixa dois do ex-governador de Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, prestaram serviços de publicidade às campanhas de 2006 do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e do deputado federal Vander Loubet (PT-MS). O Ministério Público Estadual suspeita que parte do dinheiro público supostamente desviado no caixa dois, com a participação das gráficas Sergraph e Graficom, tenha ido para campanhas eleitorais, afirma o promotor de Justiça Marcos Antônio Martins Sottoriva. Uma das gráficas, a Graficom, também consta como tendo prestado um serviço à campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. No livro-caixa não há, porém, menção a Lula ou à campanha.

BRASÍLIA – Duas gráficas investigadas no suposto esquema de caixa dois do ex-governador de Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, prestaram serviços de publicidade às campanhas de 2006 do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e do deputado federal Vander Loubet (PT-MS). O Ministério Público Estadual suspeita que parte do dinheiro público supostamente desviado no caixa dois, com a participação das gráficas Sergraph e Graficom, tenha ido para campanhas eleitorais, afirma o promotor de Justiça Marcos Antônio Martins Sottoriva. Uma das gráficas, a Graficom, também consta como tendo prestado um serviço à campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. No livro-caixa não há, porém, menção a Lula ou à campanha.

Segundo a Promotoria, foram desviados R$30 milhões em verbas de publicidade no governo Zeca do PT (1999 a 2006). O caixa dois era usado para fazer “diversos pagamentos”, diz ainda a Promotoria. Os nomes de Delcídio e Vander aparecem em um livro-caixa, apreendido na investigação, com anotações de supostos pagamentos mensais de R$25 mil cada um, no período de agosto de 2004 a abril de 2005.

No caso de Vander, à frente do nome dele aparece escrito “até as eleições”. O petista foi candidato derrotado a prefeito de Campo Grande em 2004, dentro do período dos supostos pagamentos indicados no livro. Denunciado sob acusação de ser operador do caixa dois, o ex-secretário de governo Raufi Marques afirmou à Folha que as anotações se referiam a gastos de campanhas eleitorais, mas não admitiu caixa dois. Procurado para dar mais detalhes e informar por que mantinha um livro de campanha, Marques afirmou que só voltará a falar à Justiça. O livro-caixa foi apreendido na casa de Salete de Lucca, secretária de Raufi no governo.

O fato de as gráficas terem prestado serviço de campanha não significa que o dinheiro do suposto caixa dois foi usado para bancar despesas eleitorais de Vander e Delcídio. Mais, a Sergraph só prestou serviço de campanha em 2006 a Delcídio. A Graficom tem como principal cliente o PT. A empresa recebeu R$179.296,35 por serviços de campanha na disputa do ano passado, sendo que R$176.116,35 foram pagos por candidatos petistas.

A Sergraph Gráfica e Editora Quatro Cores recebeu R$18.380 da campanha de Delcídio, candidato a governador derrotado em 2006. Essa empresa, segundo a Promotoria, emitia notas frias ao governo do estado para comprovar impressão de material publicitário que nunca foi feito. A administração petista pagava pelo material que não existia. A gráfica ficava com até 17% do valor, e as agências de publicidade, com 15%. O restante ia para o caixa dois de Zeca do PT, acusa a Promotoria.

O endereço da Sergraph em Uberaba (MG), que emitia as notas frias, não existe. A Sergraph aparece com um Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) nas notas entregues à Justiça Eleitoral para comprovar prestação de serviço à campanha de Delcídio Amaral. Esse CNPJ, no site da Receita Federal, corresponde justamente ao endereço fantasma de Uberaba.

Alvo de busca e apreensão da Promotoria também na investigação de caixa dois, a Graficom Gráfica e Editora recebeu R$49.370 da campanha de Delcídio também por serviços de publicidade. A Promotoria informou que ainda não analisou a documentação apreendida na gráfica. A prioridade é o material da Sergraph. Sottoriva disse se recordar de uma nota fiscal apreendida na gráfica referente à campanha de Lula. Na Justiça Eleitoral, consta que a campanha presidencial gastou R$10 mil com a gráfica Graficom, valor pago após Lula ter vencido. Outro cliente da gráfica foi Vander Loubet. Ele pagou R$93,2 mil à gráfica em 2006. Nas eleições municipais de 2004, a campanha à prefeitura de Vander gastou R$130 mil com a empresa.

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Senador e deputado negam irregularidades

BRASÍLIA – O senador Delcídio Amaral (PT-MS) disse que pedirá, por meio da Justiça, uma explicação do ex-secretário de governo Raufi Marques sobre as anotações do livro-caixa, apreendido na investigação do suposto caixa dois de Zeca do PT. Delcídio negou ligação com as gráficas que prestaram serviço à sua campanha eleitoral e estão envolvidas com o suposto caixa dois. “Está tudo registrado (na Justiça Eleitoral). Nem sei onde ficam essas gráficas”, afirmou o senador petista.

O nome do senador, escrito como “sen. Delcídio”, aparece no livro como beneficiário de pagamento de R$25 mil. As anotações foram a feitas pela secretária de Raufi, a pedido dele mesmo. Delcídio negou ter recebido dinheiro do governo Zeca do PT. Ele diz que desde 2004 está rompido com o ex-governador.

“As contas (de campanha) estão registradas e foram aprovadas (pela Justiça Eleitoral). Não há irregularidade”, afirmou o deputado federal Vander Loubet (PT-MS), via assessoria, sobre os serviços prestados por gráficas envolvidas no suposto caixa dois. Vander também nega ter recebido dinheiro do governo Zeca do PT, como sugerem as anotações do livro-caixa.

A assessoria do presidente Lula, cuja campanha à reeleição, também recebeu serviços de uma gráfica envolvida, orientou a reportagem a procurar o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini. A assessoria de Berzoini não telefonou de volta. Zeca do PT nega qualquer esquema de caixa dois durante o seu governo.

Emídio Milas, dono da Graficom, disse ter como comprovar por meio de notas que fez regularmente todos os serviços encomendados pelo governo. Ele nega ter participado de esquema de caixa dois. A reportagem foi ao escritório da Sergraph, mas não encontrou os diretores da empresa. Deixou recado e telefonou depois, mas mesmo assim não ligaram de volta. A Sergraph, embora tenha emitido nota fria com endereço de Uberaba (MG), possui um escritório em Campo Grande (MS).

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