O Ministério Público Federal do Ceará denunciou na última quinta-feira pelo crime de improbidade administrativa o deputado estadual José Nobre Guimarães(PT) e seu assessor Adalberto Vieira, preso há cinco meses no aeroporto de São Paulo ao tentar embarcar para Fortaleza carregando R$ 209 mil na mala e mais o equivalente a R$ 100 mil em dólares escondidos na cueca. Guimarães é irmão do ex-presidente do PT José Genoíno. Também foram denunciados o presidente do Banco do Nordeste (BNB), Roberto Smith, e outros três diretores da instituição. O ex-assessor especial do banco Kennedy Moura também foi denunciado por ter, segundo os procuradores, facilitado a aprovação de um empréstimo de R$ 300 milhões em favor do consórcio STN.
Ao todo, os procuradores Márcio Torres e Alexandre Meireles denunciaram nove pessoas físicas e três empresas. Três diretores do BNB e um superintendente também foram acusados. A ação será julgada pela 10ª Vara Federal e os acusados têm 15 dias para apresentar defesa. O MPF concluiu que o dinheiro seria resultado de propina paga para que agentes públicos — no caso, Kennedy Moura — agissem para facilitar a concessão de empréstimo de R$ 300 milhões para o consórcio STN. O Tribunal de Contas da União (TCU) também identificou irregularidades na aprovação da operação.
Os procuradores informaram que Smith e os diretores do banco foram responsabilizados por aprovar a operação com irregularidades. Para o MP, Guimarães é um “possível beneficiário” da suposta improbidade, devido à sua relação com os outros acusados, lembrando, dentre outras coisas, que o deputado apadrinhou Smith e Kennedy no banco e que teve intenso contato pessoal e telefônico com Kennedy Moura quando Adalberto ia a São Paulo. Na denúncia, os procuradores utilizaram o testemunho de Ozéas Duarte, ex-dirigente petista e assessor especial do BNB, que declarou ter ouvido do deputado Guimarães e de Kennedy que parte do dinheiro apreendido seria para o Processo de Eleições Diretas (PED) do PT.
O Banco do Nordeste afirmou em nota que só tomou conhecimento da ação por meio da imprensa e que somente após conhecer o seu teor é que irá se pronunciar oficialmente sobre a ação. “Desde o início do caso, o Banco vem colaborando com as investigações e prestou todas as informações que lhe foram requisitadas”, diz a nota do BNB. O consórcio STN repudiou “com veemência” os termos da ação e disse que os procuradores “resvalaram para o mundo da fantasia ao mencionar inexistentes indícios de favorecimento para uma operação realizada dentro da lei e das práticas de mercado”. Kennedy se diz inocente. O deputado Guimarães refutou a denúncia e desafiou os procuradores: “O Ministério Público, como órgão responsável, não pode indiciar pessoas sem provas “.