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Ex-funcionário do PT-RS denuncia esquema de caixa dois mas não apresenta provas

Um extrato bancário de setembro de 2004, onde estão registrados dois saques que totalizam R$ 80 mil, é a principal evidência que o técnico em telefonia Paulo Roberto Salazar, 45, diz guardar sobre um esquema de caixa dois que abasteceu campanhas eleitorais do PT de Porto Alegre.

Um extrato bancário de setembro de 2004, onde estão registrados dois saques que totalizam R$ 80 mil, é a principal evidência que o técnico em telefonia Paulo Roberto Salazar, 45, diz guardar sobre um esquema de caixa dois que abasteceu campanhas eleitorais do PT de Porto Alegre.

O ex-petista, que trabalhou para os deputados estaduais Elvino Bohn Gass e Raul Pont, diz que só mostrará seus extratos bancários à Justiça, “por orientação do advogado”. O Ministério Público Estadual anunciou ontem que vai convocá-lo para prestar depoimento.

De acordo com Salazar, o dinheiro veio de empresas que queriam doar “sem aparecer” para a campanha de Pont para a Prefeitura de Porto Alegre.

“Em 2004, me pediram que fosse depositado R$ 20 mil [em dinheiro] na minha conta e um cheque de R$ 60 mil. Foi depositado, eu saquei e devolvi”, disse ele ontem à Folha. O pedido para uso da sua conta, afirmou, partiu da coordenação da campanha.

Reportagem da revista “Veja” desta semana afirma que Salazar participou de um esquema de arrecadação ilegal de campanha nas campanhas de 2000 e 2004. Conforme a revista, o dinheiro do caixa dois circulava em malas –o que, à Folha, o ex-petista negou.

Ontem Salazar disse que não atuou diretamente na arrecadação de recursos para a campanha, mas afirmou que emprestou a conta bancária e recolheu notas frias de duas gráficas de Porto Alegre, que teriam sido entregues a empresas e sindicatos que abasteceram o suposto caixa dois.

“Eu só ia às gráficas recolher as notas, que já estavam negociadas, entregava às empresas e recolhia cheques que eram levados à coordenação da campanha”, disse Salazar.

Ele pediu desfiliação do PT em 2006, após ser exonerado do cargo de assessor do gabinete de Pont na Assembléia.

Segundo ele, o motivo da ruptura foi o não pagamento pelo PT de um empréstimo pessoal de R$ 8.000 que teria contraído em 2004 para repassar para a campanha de Pont.

A dívida hoje é de R$ 30 mil.

O ex-petista cobra na justiça R$ 445 mil de Pont e Gass. Salazar alega na ação que era obrigado a devolver o salário integralmente que recebia na Assembléia aos dois deputados.

Neste período, ele afirma que seu rendimento pessoal (R$ 2.000 mensais) vinha do trabalho na Associação Em Tempo, uma entidade ligada a petistas da corrente DS (Democracia Socialista), a qual pertencem os dois deputados estaduais.

Outro lado

O PT classificou as declarações do técnico em telefonia Paulo Roberto Salazar sobre a existência de um suposto esquema de caixa dois como “uma mentira eleitoreira”. Deputados do partido e sua candidata à Prefeitura de Porto Alegre, Maria do Rosário, disseram que vão acioná-lo na Justiça.

“É uma mentira cujo único objetivo é eleitoreiro. Vou processar a “Veja” e este senhor a quem eu não conheço”, disse Maria do Rosário.

O líder do PT na Assembléia, Raul Pont, disse que a existência de um esquema de caixa dois é uma invenção do ex-funcionário de seu gabinete.

“O cara inventa um troço desses e eu que tenho que responder?”, disse Pont, ao ser questionado sobre a suposta existência de um caixa dois em sua campanha para prefeito.

O deputado também negou que Salazar tenha sido obrigado a devolver seu salário como assessor durante o período em que trabalhou em seu gabinete –de 2003 a fevereiro de 2005, quando houve a exoneração. A suposta devolução de salários é tema de uma ação judicial em que Salazar cobra R$ 445 mil de Pont e do também deputado Elvino Bohn Gass.

“Vamos interpelar o cara. O processo é, do nosso ponto de vista, ridículo”, declarou, afirmando que Salazar recebeu os salários como assessor da Assembléia Legislativa.

Pont também vê motivação de prejudicar o PT na eleição: “Isto é fato. Ele trabalhou com o Elvino [entre 1999 e 2002] há seis anos, saiu do meu gabinete há quatro e só agora ele quer receber salários ou coisas que ele não teria recebido quando trabalhou? Não faz sentido.”

A reportagem não conseguiu localizar o deputado Elvino Bohn Gass. Recados foram deixados em seu telefone e em seu gabinete, mas não houve retorno até o fechamento desta reportagem.

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