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Ex-cirurgião só lembra do que lhe convém, diz promotor

O promotor Alexandre Marcos Pereira, que atua no julgamento do ex-cirurgião plástico Farah Jorge Farah, afirmou que o réu tem uma “amnésia seletiva”. “Quando lhe convém, ele esquece dos fatos”, diz o promotor.

O promotor Alexandre Marcos Pereira, que atua no julgamento do ex-cirurgião plástico Farah Jorge Farah, afirmou que o réu tem uma “amnésia seletiva”. “Quando lhe convém, ele esquece dos fatos”, diz o promotor. O júri de Farah, acusado do assassinato e esquartejamento de sua paciente e ex-amante Maria do Carmo Alves, estava marcado para as 10h desta terça-feira (15), mas até as 14h55 não havia começado.

De acordo com Pereira, Farah diz não lembrar do que aconteceu no momento do crime, porém, ainda segundo o promotor, o ex-cirurgião confessou para diversos familiares ter cometido o assassinato da vítima. “Foi um crime bárbaro, terrível, que chocou toda sociedade paulistana”, disse. Na época, Farah se internou numa clinica psiquiátrica e mandou uma sobrinha contar tudo à polícia.

Pereira diz que alguns órgãos vitais da vítima, como o coração, nunca foram encontrados. Ele diz ainda que o crime foi premeditado, pois o médico recebeu a então paciente em seu apartamento no dia do crime. O réu é acusado de homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver. De acordo com o promotor, a pena para o assassinato pode variar entre 12 e 30 anos. Pelo crime de ocultação de cadáver, pode ser condenado a até 30 anos de prisão.

O advogado de defesa de Farah, Roberto Podval, disse na segunda-feira (14) que seu cliente não estava louco quando cometeu o assassinato e que acha mais provável usar argumentos de legítima defesa do que de insanidade.

Podval disse que existem vários fatos que não foram divulgados pela mídia que, se não justificam, explicam o que levou Farah a cometer o crime. “Qualquer pessoa sã, passando pelo que ele passou, poderia matar a pessoa”, disse.

Libertação

A acusação se mostrou preocupada com a possibilidade de Farah deixar o julgamento em liberdade, mesmo se for condenado por causa de decisão anterior do Supremo Tribunal Federal (STF). O promotor afirmou que isso vai depender da decisão do juiz que preside o julgamento, Rogério de Toledo Tierri. “O Ministério Público entende que não é conveniente a soltura dele”, disse.

Farah foi colocado em liberdade em 30 de maio de 2007 por decisão do STF. Essa decisão pode ser entendida pelo juiz como uma indicação de que o réu deva ficar em liberdade até que se esgotem os recursos em instâncias superiores.

Testemunha

A ausência de uma testemunha provocou o atraso do julgamento. A sessão ocorrerá no 2º Tribunal do Júri de São Paulo, no Fórum de Santana, na Zona Norte da capital. O Tribunal de Justiça de São Paulo não informou quem é a testemunha, nem se ela é da defesa ou da acusação. Após sua chegada, deve haver a escolha dos jurados. Há 21 pessoas para compor um júri de sete. Quando os jurados forem escolhidos, o julgamento deve começar. O ex-cirurgião será o primeiro a depor.

O acusado chegou por volta das 10h ao fórum e tropeçou ao entrar no prédio, apoiado em uma bengala. Apesar do rápido desequilíbrio, ele não sofreu ferimentos.

O crime ocorreu no dia 24 de janeiro de 2003, em Santana. Farah foi preso na época, mas está livre desde 30 de maio de 2007 por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em sua decisão, o relator do habeas corpus, ministro Gilmar Mendes, disse que o cirurgião estava sendo mantido preso por um motivo “subjetivo”, a comoção social causada pelo fato de o cirurgião ser réu confesso de um crime hediondo, não havendo razões concretas e objetivas para que ele fosse mantido em detenção.

O júri foi duas vezes adiado a pedido da defesa. Nas duas ocasiões, os advogados alegaram que uma testemunha se encontrava fora do país. Na semana passada, houve um novo pedido de adiamento, indeferido pelo juiz, segundo informou o promotor de Justiça Alexandre Marcos Pereira, do 2º Tribunal do Júri.

O crime

Após assassinar a ex-amante em seu consultório, o acusado teria ainda desfigurado Maria do Carmo Alves, removendo cirurgicamente parte da pele do rosto, das palmas das mãos e da sola dos pés. Em seguida, ele teria esquartejado o corpo, colocado as partes em sacos plásticos de lixo e escondido no porta-malas de um automóvel. O corpo só foi encontrado pela polícia três dias após o crime. Depois do crime.

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