Não existem acusações formais contra o ex-líder iraquiano Saddam Hussein até o momento, segundo seu advogado de defesa, Jacques Vergès.
“Do que Saddam Hussein é acusado? Estamos em um vácuo total”, disse Vergès nesta terça-feira em Paris.
“Caso Saddam Hussein seja acusado de praticar torturas contra os opositores ao seu regime nas prisões do país, o presidente americano, George W. Bush, também deveria sofrer um processo”, afirmou Vergès.
“Se ele for acusado de deter armas de destruição em massa, as pessoas que lhe venderam essas armas também deveriam ser acusadas.”
O advogado francês já defendeu figuras controversas, como o ex-líder iugoslavo Slobodan Milosevic, o mercenário Carlos, o Chacal, e o nazista Klaus Barbie.
Julgamento
O advogado afirmou ainda que para Sadam Hussein ser julgado no Iraque – informação ainda não confirmada pelo governo americano – o país deveria ter um governo democrático, designado por meio de eleições diretas.
“O Iraque não possui uma Constituição nem instituições jurídicas. Não existe um tribunal para julgar Saddam e ele nao poderá existir enquanto o Iraque não for um país livre, com um governo eleito democraticamente”, afirmou.
Uma das esposas de Saddam e duas de suas filhas escolheram um outro advogado de defesa.
Vergès diz não contestar que haja outro adovgado no caso, mas mostrou uma lista de 42 membros da família de Saddam Hussein que o indicaram para defender o líder iraquiano.
Para Vergès, todos os que encorajaram Sadam durante uma determinada época, como o secretario de Defesa americano, Donald Rumsfeld, “deveriam, então, se sentar ao seu lado no banco dos réus”.
Testemunhas
Outras personalidades, como Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, seriam convocadas pelo advogado.
“Kissinger seria convocado como testemunha, afinal foi um dos primeiros a restabelecer contatos com o governo de Bagdá. No caso de outros, como Rumsfeld, pedirei uma acusação”, disse Vergès.
“O Iraque foi atacado com base em uma mentira. Ninguém explicou depois como as 52 pessoas procuradas pelos Estados Unidos seriam julgadas”, afirmou.
Segundo ele, essas acusações não têm base jurídica. Vergès disse ainda não saber onde está Saddam Hussein.
Segurança
“Ninguém sabe onde ele está”, afirmou. Vergès disse ainda “temer pela segurança de Sadam Hussein” caso ele seja julgado no Iraque, e o processo demore para ser concluído.
Caso venha a ser transferido para o Iraque, o ex-presidente perderia seu status de prisioneiro de guerra.
Vergès afirmou ainda que sempre assegura a defesa de pessoas acusadas de barbáries, como Slobodan Milosevic, por exemplo, porque diz ter a “paixão pela defesa”.
“Quanto mais pesadas são as acusaçoes, mais a defesa se torna interessante.”
