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Justiça a passos lentos nos crimes contra magistrados

Famílias de vítimas colecionam relatos de impunidade aos mandantes de crimes contra magistrados

[color=#2190a5][/color][color=#2190a5]Casos corriqueiros[/color]
Na pequena Itambacuri, a 415 Km de Belo Horizonte (MG), a semana apenas começava quando o juiz Cláudio Schiavo Cruz, de 33 anos, recebeu em sua sala o carcereiro da cadeia do município. Ele trazia a notícia de que William Amaral, de 31 anos, preso dias antes por porte ilegal de armas, ganhara a liberdade e estava na cidade para matar alguém. William, conhecido como Giovani Cigano, era, na verdade, um pistoleiro profissional. Preocupado, Schiavo decretou a prisão preventiva do sujeito. Dois dias depois, soube quem era o alvo do bandido: ele próprio. O preço do serviço: R$ 100 mil.
O motivo da contratação macabra era uma decisão do magistrado, em que decretara semanas antes a prisão de oito suspeitos de envolvimento com o assassinato de duas pessoas da mesma família, por causa de herança, em 2006. Os acusados respondiam ao crime em liberdade, mas tentavam coagir as testemunhas. Em 2008, o pistoleiro foi acompanhado de perto por agentes da inteligência da Polícia Militar e do Ministério Público. Descobriu-se que metade do pagamento pelo serviço já havia sido paga e que a outra metade estava guardada na casa de uma das mandantes.
O pistoleiro foi localizado e preso em Mantenópolis (ES). Hoje está solto por decisão da Justiça. Um dos oito mandantes do crime responde ao processo em liberdade e, curiosamente, mora hoje em frente à casa do juiz. Magistrados e promotores chegaram a fazer um ato de desagravo ao magistrado.
Schiavo evita falar sobre o plano de matá-lo, mas defende a organização urgente de um aparato de segurança para os magistrados. “Esses casos estão se tornando corriqueiros e as medidas de proteção não podem vir depois. É fácil atentar contra a vida de um juiz e de sua família”, afirma.
Mais de um ano depois do episódio, ele ainda conta com escolta ostensiva no fórum e segurança velada. Diz conseguir dormir à noite, mas fica preocupado quando não está perto da mulher e dos dois filhos, de um e quatro anos. Até hoje não se arrisca a ficar em casa nos fins de semana. Passa os sábados e domingos na casa de parentes.
Em nome do pai
“Me sinto injustiçada. Passei a vida me perguntando se vale a pena ser correta”. É assim que Renata Souza Dias, 24 anos, resume o que sente com a violenta perda do pai. Ela tinha dois anos quando o juiz Sued Dias da Silva foi morto a tiros em 1987, em Mara Rosa, norte de Goiás. “Aceitaria qualquer sofrimento para ter a oportunidade de conviver com ele”, diz, emocionada.
Jovem magistrado, Sued trabalhava em Colinas, a cerca de 260 Km de Palmas — hoje o município pertence a Tocantins — quando passou a ser perseguido. “Ele ouvia falar que não era para mexer com determinados fazendeiros que tinham muito dinheiro. Mas queria fazer justiça e resolveu desengavetar processos que estavam parados. Criou inimizades e desafetos”.
Mas não recuou. “Ele dizia que não era bandido para fugir”. Uma noite, tenso, pegou a estrada de madrugada rumo a Mara Rosa para tirar férias. Dirigiu o quanto pôde e não dormiu nem mesmo quando encostou o carro na beira da estrada para descansar.
A distância não o fez escapar da morte. Foi executado a tiros na varanda da casa dos sogros. “Minha mãe estava na rua e quando voltou tinha um monte de gente na porta gritando. Ela já sabia”.
Renata e os dois irmãos estudaram direito. O mais velho recusa-se a falar sobre a morte do pai. E diz que vai passar no concurso da magistratura, mas não tomará posse. Uma espécie de protesto. Renata pensa diferente. “Quero seguir a carreira de juíza e fazer justiça à memória dele. (MD)

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