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Filhas de vítima de atirador tentam punir shopping na Justiça há 16 anos

Há 17 anos, as irmãs Carolina, Karina e Hanna convivem com a tragédia de uma noite de novembro de 1999.

Mãe delas, a publicitária Hermè Luísa Jatobá Vadasz, então com 46 anos, foi uma das das vítimas do estudante de medicina Mateus da Costa Meira, que abriu fogo com uma submetralhadora num cinema do shopping Morumbi, zona sul de São Paulo.

Outras duas pessoas morreram e cinco ficaram feridas no episódio. O atirador do shopping, como ficou conhecido Meira, continua preso.

Mas as três irmãs, unidas, querem que a Justiça também responsabilize os donos do shopping e do cinema. As salas de exibição não existem mais dentro do Morumbi.

“O dinheiro não vai trazer a minha mãe de volta. Mas queremos que os shoppings, os cinemas e os grandes estabelecimentos em geral se responsabilizem pelos consumidores desses locais”, afirma Hanna, 34, que hoje é fotógrafa e era uma adolescente quando perdeu a mãe.

O desfecho da ação judicial, que tramita há 16 anos, está próximo, acredita o advogado das três irmãs. A decisão pode ocorrer este ano.

A família não divulga os valores -a ação original superava R$ 3 milhões.
No âmbito do Judiciário paulista, a família da publicitária morta ganhou em primeira e segunda instâncias, mas o caso subiu para Brasília, onde ocorreu uma derrota para a acusação. Agora, o que está em jogo é a apreciação de um “embargo de divergência”.

No entender dos advogados da família Vadasz, apesar de o STJ (Superior Tribunal de Justiça) ter dado ganho de causa para o shopping, isentando a empresa de culpa pela tragédia, o próprio tribunal havia se posicionado de forma diferente antes, em alguns casos semelhantes.

“O que está em jogo é uma tese que pode ajudar milhões de pessoas que frequentam shopping, cinemas, grandes supermercados. Eles vendem segurança, mas acabam não entregando isso”, diz Karina, 39, publicitária como a mãe.
As três irmãs decidiram morar fora do Brasil por um tempo após a tragédia. Segundo elas, por medo da insegurança. Hoje estão de volta.
“Passei por depressão. Adoro cinema, como a minha mãe, mas nunca mais consegui ir tranquila assistir a um filme. Qualquer movimentação estranha me deixa insegura”, diz Carolina, 40, coordenadora de um estúdio fotográfico em São Paulo.
“As pessoas deveriam parar com essa falsa sensação de segurança dentro dos shoppings. Eles sempre acabam se isentando de qualquer responsabilidade”, diz.
A tese de que o shopping tem responsabilidade, segundo Carolina, está baseada em alguns episódios registrados na noite da tragédia.

“Um rapaz que chegou a discutir com o atirador antes dos disparos avisou a segurança de que havia uma pessoa com comportamento estranho dentro do shopping. Mas nada foi feito”, diz.

Para as irmãs, houve falhas no socorro às vítimas. “Não havia ambulância. Minha mãe foi levada de camburão ao hospital”, afirma Carolina.

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

FONTE: FOLHA DE SÃO PAULO

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