Os servidores do Judiciário entraram ontem em greve em 12 Estados (AC, BA, GO, MA, MT, PA, PE, RJ, RN, RS, SC e SP) e no Distrito Federal há locais em que a greve é temporária e outros em que é por tempo indeterminado.
Nos demais Estados, segundo o comando nacional de greve, os funcionários ainda não haviam decidido sobre a paralisação. Até a conclusão desta edição, não havia um balanço da adesão dos servidores à greve.
No fórum cível da cidade de São Paulo, por exemplo, os funcionários do setor de protocolo (que recebe petições das partes e as encaminha aos juízes) começaram ontem a se revezar no trabalho –em vez de quatro atendentes, havia somente um. A espera na fila chegou a quase uma hora.
Os funcionários dos tribunais federais e dos tribunais das Justiças do Trabalho, Eleitoral e Militar querem, principalmente, um reajuste emergencial de 50,19% e incorporação das gratificações.
A categoria (cerca de 62 mil servidores na ativa) tem salário inicial que varia de R$ 1.200 a R$ 3.000 e foi excluída da proposta de aumento que o governo fez aos funcionários públicos.
Além da greve do Judiciário, o governo ainda tem de cuidar de paralisações que estão causando prejuízos ao país, como as do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), da AGU (Advocacia Geral da União) e dos auditores da Receita Federal.
Em greve desde 13 de abril, os fiscais da Receita têm feito operação padrão nas áreas de alfândega, isto é, uma fiscalização bastante minuciosa e demorada das mercadorias que entram e saem do país. Para hoje, porém, prometem paralisar as inspeções, o que vai provocar uma demora ainda maior na liberação dos produtos.
Não serão atingidos produtos como remédios, alimentos perecíveis e animais vivos. A greve dos auditores da Receita não afeta viajantes nem sua bagagem.
O porto de Santos (SP), o maior do país, que já sofre com os efeitos da greve dos auditores da Receita, também pode ser afetado pela paralisação do Judiciário. O comando de greve deve decidir hoje pela paralisação dos funcionários da Justiça Federal na cidade.
A situação em Santos deve se complicar ainda mais porque é a Justiça Federal que, diante de mandados de segurança impetrados por exportadores e importadores, vem determinando que os auditores grevistas inspecionassem e liberassem a entrada e a saída de produtos pelos porto.
Na Bahia, os funcionários da Delegacia Regional do Trabalho também pararam as atividades.