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Veja com quanto e quando o trabalhador se aposenta

Brasileiros não têm hábito de planejar o futuro e precisam fazer essa pergunta o quanto antes.

Quer se aposentar com quanto? Trabalhadores com carteira assinada ou autônomos e mesmo informais precisam fazer essa pergunta cada vez mais cedo. Uma simples visita ao simulador de aposentadoria no site da Previdência Social (www.previdencia.gov.br) revela que o peso do fator previdenciário — que quase desapareceu, mas será mantido se for aprovada a medida provisória que chega ao Congresso nos próximos dias — pode ser mais cruel do que se espera, especialmente com quem começa cedo no batente.
Natália Carvalho, 21 anos, trabalha como secretária e respondeu: “Nunca parei para pensar nisso. Quero me aposentar com R$ 2 mil”. Vai ser difícil. Com o fator previdenciário de 0,5828, segundo a legislação atual, se contribuir sobre o salário que recebe (R$ 550) por 30 anos, seu benefício será o salário mínimo (R$ 465). Para ganhar mais, precisa contribuir mais. “Não conheço as regras”, admite Natália, que não é diferente da maioria dos trabalhadores, pouco afinada com planejamento do futuro.
“Não tenho plano de previdência complementar”, afirma Nilton Lima dos Santos, 58 anos, 39 de contribuição média de seis salários mínimos (R$ 2.790). Para driblar o fator previdenciário, o segurado protelou a aposentadoria por quatro anos. Já pode se aposentar, mas vai esperar um pouco mais. Com o fator previdenciário de 0,9173, o benefício que ele deverá receber será 10% inferior ao salário atual.
O presidente do Instituto de Estudos Previdenciários (Ieprev), Roberto Carvalho, analisou os dados de Nilton e afirmou que, se ele contribuísse durante 39 anos para um plano de previdência privada, prevendo-se uma rentabilidade anual de 6% sobre os depósitos realizados e considerando um aporte mensal de R$ 307 (11% de seis salários), ele receberia aproximadamente R$ 1.200 da entidade de previdência privada.
“Conforme comparação entre os melhores plano de previdência privada do mercado”, explicou o especialista. Isso demonstra que os benefícios do INSS estão em melhor situação de rentabilidade para formação de pensão, mas para garantir renda acima do teto é preciso ter um plano “B”.
O engenheiro de Produção Marcelo Bras, 35 anos, tem bom salário (R$ 7 mil). “Quero me aposentar com esse valor”, diz ele que só contribui para o INSS pelo teto (R$ 3.218,90). Marcelo vai precisar trabalhar mais cinco anos além dos 35 exigidos para se aposentar pelo teto. Para receber os restantes R$ 3.781,10, precisaria se preparar para receber de outra fonte.
Imóvel garante renda, uma estratégia das mais antigas
Uma das formas mais tradicionais de preparo para a aposentadoria é acumular patrimônio. O imóvel — opção de nossos avós — volta à cena para quem, nos tempos de hoje, não acredita muito nos planos de previdência complementar.
Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), Fabiano Lopes Ferreira, cresce o número de interessados em investir em imóveis para garantir renda no futuro. Com 3,4% de alta, o total de participantes ativos no segmento de imóveis, que era de 512,4 mil, em outubro do ano passado, chegou aos 530 mil do mesmo mês deste ano.
“Imagine uma pessoa com renda de R$ 10 mil? Ela quer um futuro tranquilo”, justifica. “O segredo é poupar e construir patrimônio. O consórcio vem sendo usado para isso. Pessoas compram cotas e pedem para ser contempladas só no final”, acrescenta.
Um plano para um imóvel de R$ 100 mil — faixa preferida por 30% dos cotistas — custa, em média, R$ 1 mil em 150 meses. Ferreira lembra que, em algumas regiões do Brasil, é possível comprar imóveis a preço razoável: “A aquisição de mais de um imóvel de pequeno valor para aluguel tem a vantagem de formar patrimônio e garantir renda”.
Como complementar o benefício
A guerra pública entre governo e aposentados do INSS que ganham acima do salário mínimo (R$ 465) traduz a queda no poder de compra dos segurados. Hoje, 4 milhões dos 26 milhões de “inativos” trabalham para garantir o sustento. Antes, trabalhadores tinham como referência o teto de 10 salários mínimos. Hoje, o benefício máximo é de R$ 3.218,90 (6,9 mínimos), mesmo que a pessoa recebesse mais na ativa. Para complementar a aposentadoria, vale poupar, aplicar no mercado financeiro e investir em imóveis.
Segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), o setor está em alta. Os planos de previdência arrecadaram R$ 3,3 bilhões em setembro, subindo 37% desde janeiro. Empresas contratam cada vez mais planos de previdência complementar privada como privilégio adicional aos funcionários.
O trabalhador também pode contratar o próprio plano. Há previdência privada comprada em banco ou seguradora que oferece renda vitalícia de R$ 2 mil para contribuição média de R$ 1 mil por mês, sob rentabilidade conservadora de 6% ao ano. É possível acumular, até a data da aposentadoria, R$ 850 mil, em 27 anos.
Mas, para investir em um plano desses, é preciso muita pesquisa, alertam especialistas em orçamento. Taxas cobradas pelas instituições financeiras são cruciais, diz o consultor Reinaldo Domingos: “A taxa de administração não pode passar de 3% ao ano”, adverte.
FATOR É VORAZ, MAS INSS PAGA MAIS QUE PREVIDÊNCIA PRIVADA
COMO ELA PERDE
Para isso, teria que trabalhar e contribuir sobre salário compatível. Em simulação no site www.previdencia.gov.br, se contribuísse por toda a vida laboral com salário médio de R$ 2 mil —, a atendente não se aposentaria com esse valor e ficaria com R$ 1.479,03. O fator volta a atacar.
COMO ELA COMPLEMENTA
Mas, ainda assim, complementar a contribuição para o INSS é mais vantajoso. Se pagar de forma complementar como autônoma (com 20% do salário), ela ganhará mais. Na previdência privada, para renda vitalícia de R$ 2 mil, a jovem teria que desembolsar R$ 1.090 mensais por 27 anos, se começasse hoje. No INSS, pagaria R$ 71,50 mais R$ 270 (ao todo R$ 341,50). Se contribuísse por 30 anos para a previdência privada, com rentabilidade anual de 6% e cotas de R$ 71,50, receberia apenas R$ 138, na comparação com os melhores planos.
MARINA OLIVEIRA
A atendente de call center Marina Oliveira, 21 anos, contribui desde os 18, com salário médio de R$ 650. Ela espera se aposentar antes dos 50, mas vai sofrer ação do fator previdenciário, voraz para mulheres que se aposentam jovens. Com o multiplicador de 0,5828, seu benefício seria, hoje, de um salário mínimo (R$ 450). Marina contribui com R$ 71,50 mensais (11%). Mas ela quer se aposentar com R$ 2 mil.
RAIMUNDO NONATO
Raimundo Nonato Rodrigues da Silva, 40 anos, é balconista e ganha R$ 1 mil. Contribui há 22 anos sobre a faixa e acha que se aposentará com dois mínimos.
COMO ELE PERDE
Segundo o presidente do Instituto de Estudos Previdenciários, Roberto Carvalho, se o balconista mantiver a contribuição atual, ainda assim não chegará lá. Carvalho calcula que ele se aposentará pelo INSS com 35 anos, aos 53 de idade. O fator também reduzirá seu benefício em 33%, que será de R$ 670 (menos de dois mínimos).
COMO ELE COMPLEMENTA
Se contribuísse 35 anos para previdência privada, com rentabilidade de 6% ao ano e prestação de R$ 110, receberia R$ 390. A melhor solução para Raimundo é adiar a aposentadoria e, melhor ainda, poupar.
 
 

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