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Homem morto há quase 2 anos será ‘julgado’ por tentativa de homicídio em Cuiabá

Uma tentativa de homicídio praticada em outubro de 2001, entrou na pauta de julgamentos previstos para o Tribunal do Júri do próximo mês. Além da demora de 12 anos, o fato mais curioso é que um dos réus já morreu há quase 2 anos e mesmo assim, deverá ser “julgado” no próximo dia 2 de outubro pelo crime que cometeu, uma vez que o edital de intimação para ele “comparecer” ao julgamento foi expedido no dia 18 de agosto. A Polícia Civil confirmou que o réu foi assassinado e tal informação consta no banco de dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública.

Trata-se do barman Osiel Bispo de Souza, que se estivesse vivo estaria com 35 anos. Só que ele foiexecutado com vários tiros na noite do dia 11 de dezembro de 2011, dentro de sua casa no bairro Santa Izabel, em Cuiabá. Aliás, vale ressaltar que o processo do assassinato de Osiel foi distribuído ao Judiciário no dia 23 de janeiro do ano passado e tramita na 12ª Vara Criminal da Capital, sob responsabilidade da juíza Maria Aparecida Ferreira Fago. Não existe no processo, nenhuma pessoa indiciada por usa morte.

Mesmo assim, Osiel aparece na pauta de julgamento como réu para “comparecer ao júri”. O irmão dele, Oséias Bispo de Souza, 33, também é réu no mesmo processo por tentativa de homicídio e será julgado. A defesa dos réus, (o vivo e o morto) é feita pela Defensoria Pública.

A tentativa de homicídio praticada pelos irmãos foi motivada por uma briga de bar envolvendo 6 cervejas e teve como vítima, o cozinheiro Edevanil Rodrigues Arantes, 34, que sobreviveu e será uma das testemunhas no julgamento. Conforme os autos, o crime ocorreu em 27 de outubro de 2001, por volta das 17h58 no interior de um bar localizado na Rua Clara Nunes, no bairro Santa Izabel.

Também chama atenção no processo é que, em determinadas movimentações, os dados e endereços dos 2 irmãos réus são trocados. Em uma parte aparece o nome de Osiel Bispo de Souza com os números de documentos (RG e CPF) do irmão Oséias Bispo de Souza.A mesma confusão ocorre com os endereços deles. Consta nos autos que Oséias mora na rua Vereador Wilson Alves Diniz, no Santa Izabel, em Cuiabá.

Quanto a Osiel (já morto) constam 2 endereços divergentes. Um é o mesmo do irmão em Cuiabá, no bairro Santa Izabel, local onde ele foi assassinado em 2011. O outro, mostra que ele ainda estaria morando em Sinop (500 Km ao norte de Cuiabá), na Estrada Ruth, Chácara Tapajós, nº. 2000 – sentido estrada Brígida. Tanto é que no dia 14 de agosto deste ano foi expedida carta precatória para o Juízo de Sinoppara intimar o réu a comparecer ao Fórum de Cuiabá no dia 2 de outubro próximo, para seu julgamento, às 13h30.

O crime:Apesar da tentativa de homicídio ter sido cometida em 2001, a sentença de pronúncia só foi proferida em maio de 2007 e o júri marcado o dia 2 de outubro deste ano. O processo tramita na 1ª Vara Criminal da Capital, sob titularidade da juíza Mônica Catarina Perri Siqueira. Consta nos autos, que a vítima, momentos antes do crime, jogava “sinuca” com o acusado Oséias Bispo de Souza, surgindo entre eles uma discussão, seguida de briga.

Acalmado os ânimos, Oséias, saiu do bar e foi chamar o irmão, enquanto a vítima continuou jogando sinuca. Foi então que Osiel chegou armado com um revólver e da porta do bar começou a atirar contra o cozinheiro Edevanil Rodrigues que foi alvejado por vários tiros, mas foi socorrido e sobreviveu.

Histórico criminal:Osiel, antes de ser executado, tinha várias passagens policiais, por furto, tráfico e homicídio. Já havia sido condenado em um dos processos e cumpriu pena por alguns anos. Ao ser ouvido, novembro de 2006, numa audiência do processo por tentativa de homicídio, ele disse que desde 2003 era crente, batizado na Igreja Evangélica Assembléia de Deus, que trabalhava e tinha família, esposa e filha; que ele era quem as sustentava. Disse também que moravam em Sinop e que ele tinha vindo até Cuiabá somente para a audiência.

Outro caso:Uma situação semelhante, de pessoa que já havia morrido e mesmo assim foi arrolada como testemunha e “intimada” para comparecer numa audiência de um processo, tempos depois, foi a professora Admárcia Mônica da Silva Alves, 44, morta com requintes de crueldade no dia 11 de novembro do ano passado pelo ex-genro Carlos Henrique Costa de Carvalho, 25.

O assassinato dela foi amplamente divulgado na imprensa e mesmo assim, ela aparecia com uma dastestemunhas intimadas para depor numa audiência do dia 22 de janeirodeste ano, onde a filha dela era vítima de violência doméstica num processo que tramitava desde o primeiro semestre de 2012.

Outro lado:A reportagem do Gazeta Digital procurou o Judiciáriomato-grossense na tarde da última sexta-feira (20) para obter informações sobre a atualização de dados e cruzamento de informações nos processos em andamento. A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) orientou que fosse contatada a 1ª Vara Criminal de Cuiabá.

No gabinete, a reportagem explicou o caso aos servidores Ester e Diogo e obteve a informação de que a gestora judicial da 1ª Vara, Marcilene Martins dos Santos Gabilheri entraria em contato com a reportagem para explicar sobre o assunto informado. Contudo, esse retorno não aconteceu.

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