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EUA prendem Saddam Hussein

Ex-líder iraquiano foi encontrado em um porão, próximo à Tikrit, sua cidade natal

Saddam Hussein foi capturado pelas forças americanas dentro de um buraco em uma fazenda em Adwar, cidade perto de Tikrit sua natal.

A prisão do ex-ditador iraquiano foi realizada sem disparos na noite de sábado. O buraco onde Saddam se escondia tiha cerca de dois metros de profundidade, com espaço suficiente para deitar.

Era camuflado com tijolos e sujeira e dispunha de uma entrada de ar para permitir a permanência por longos períodos.

Uma informação passada ao serviço de inteligência americano no Iraque, no sábado, às 10h50 do horário local, desencadeou a chamada “Operação Amanhecer Vermelho”, que resultou na prisão de Saddam Hussein.

Cerca de 600 tropas americanas e forças especiais da coalizão foram enviadas para a cidade de Ad Dawr, perto da cidade natal de Saddam, Tikrit, ao norte do Iraque.

A operação foi focada em dois locais, chamados de “Wolverine 1” e “Wolverine 2”, considerados possíveis esconderijos do ex-líder iraquiano. Em um desses locais, as tropas suspeitaram de uma área murada contendo uma estrutura metálica e uma cabana de lama.

Um oficial americano disse que Saddam não tentou esconder sua identidade quando foi capturado. O coronel Ricardo Sánchez, comandante militar americano no Iraque, viu Saddam durante a madrugada.

Disse que o iraquiano estava cooperando com a operação. Ele descreveu Saddam como “um homem cansado, resignado a seu destino”.

Saddam, que hoje tem 66 anos, foi encontrado com uma espessa barba. Ele foi fotografado antes e depois de ser barbeado. Um médico o examinou, aparentemente para extrair amostras de seu DNA.

A captura de Saddam gerou posições diferentes entre o Conselho Governante e o exército americano quanto ao destino do ex-ditador.

Os EUA não determinaram ainda se ele será mesmo julgado numa corte criada há dias pelo Conselho. Já Ahmad Chalabi, um dos principais membros do Conselho, já declarou que pretende levar Saddam à corte no país, a fim de julgá-lo por genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein negou ter tido armas de destruição em massa e não deu mais informações desde que foi capturado no sábado, informou a revista Time, citando uma fonte da inteligência dos Estados Unidos.

“Não, claro que não. Os Estados Unidos sonhavam em ter uma razão para nos atacar”, respondeu Saddam ao ser interrogado sobre se tinha arsenais proibidos, informou a revista.

Ex-ditador vai a júri e pode ter pena de morte

Dirigentes do Conselho de Governo Iraquiano (CGI), nomeado pelos EUA, afirmaram ontem que Saddam Hussein será levado a julgamento público no Iraque por genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

O julgamento deve ser feito por um polêmico tribunal especial criado na semana passada pelo CGI (após acordo com os EUA), que poderia ditar como punição máxima a pena de morte. Tal punição foi suspensa pelas autoridades norte-americanas de ocupação, mas dirigentes iraquianos disseram que será estudada sua reinstauração quando um governo transitório assumir o poder, em julho.

O comandante das tropas norte-americanas no Iraque, general Ricardo Sanchez, disse que os EUA ainda não decidiram o que fazer com o ex-ditador

Em declarações à TV Al-Iraqiya, um líder do CGI, Ahmad Chalabi, afirmou que “Saddam enfrentará um julgamento público para que o povo conheça seus crimes.” Outro membro do conselho, Adnan Pachachi, disse que “não há dúvida de que será um processo iraquiano”.

O colega Mouwafak al-Rabii disse que o julgamento seguirá “padrões internacionais”. Segundo o presidente do CGI, Abdelaziz al-Hakim, o tribunal deve julgar acusados de crimes cometidos a partir de 17 de julho de 1968, quando o Partido Baath, de Saddam, chegou ao poder.

O CGI tem ignorado apelos de grupos de defesa dos direitos humanos para que o tribunal recém-criado seja integrado por juízes internacionais e descarte a pena de morte.

Ajuda de um membro da família

Saddam Hussein foi capturado com base em informações de um membro da família “próximo a ele”. É o que afirmou o general americano Raymond Odierno ontem. Comandante da 4ª Divisão de Infantaria, que capturou Saddam, Odierno relatou que nos últimos 10 dias seus soldados interrogaram “cinco a dez membros” da família. “Conseguimos a informação final de um destes indivíduos”, disse.

Odierno contou que o serviço de inteligência indicou a ele que se tratava de Saddam. Mas nenhum de seus soldados foi informado com antecedência sobre o alvo da operação. A divisão não encontrou no esconderijo de Saddam telefones, rádios ou quaisquer aparatos de comunicação.

Bush faz pronunciamento cauteloso

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, fez ontem um pronunciamento de menos de 10 minutos sobre a captura de Saddam Hussein. Bush explicou rapidamente como foi a ação dos militares norte-americanos e parabenizou-os. Disse, logo no início, que agora Saddam terá de encarar a justiça e um Iraque livre.

“Saddam Hussein enfrentará a Justiça que ele próprio negou a milhões de pessoas”, sentenciou.

Bush afirmou que os iraquianos não precisam mais ter medo das regras de Saddam. “Os iraquianos que escolheram a liberdade estão do lado certo”. De acordo com o presidente, a dor e a escuridão que sempre marcaram a história do Iraque acabaram.

Cauteloso, afirmou que a prisão não é fim de todos os problemas. Ele afirma que ainda há muitas pessoas “más”, interessadas em levar adiante ataques terroristas. “Sua captura não significa o fim da violência no Iraque. É necessário que os iraquianos renunciem ao uso da força”, destacou Bush.

Bush disse que o perigo não foi completamente aniquilado. “Ainda enfrentamos terroristas que preferem seguir matando inocentes a aceitar a liberdade. Esses homens são uma ameaça direta ao povo americano e serão derrotados”, finalizou o presidente dos EUA. “A luta contra eles continuará intensa.”

O presidente norte-americano disse que a operação foi feita com muita precisão e foi desencadeada “por homens bravos”, no esforço de trazer a liberdade para os iraquianos.

Perfil do ex-ditador

O ex-ditador Saddam Hussein nasceu em 1937 na região de Tikrit, a mesma onde foi capturado na noite de anteontem pelas tropas de coalizão. Dentro da sociedade religiosa, a família Hussein é de tradição sunita, portanto, faz parte da elite iraquiana.

Enquanto cursava a faculdade de Direito, ele se filiou ao partido Baath, que chegou ao poder por um golpe de Estado em 1963. Nessa época, Saddam casou-se com uma prima de primeiro grau, Sajida, com quem teve cinco filhos, três mulheres e dois homens. Em 1979, ele chegou ao trono de Bagdá.

Ao expulsar do Iraque o aiatolá iraniano Ruholla Khomeini, depois de um exílio de 13 anos, Saddam atraiu o ódio dos muçulmanos xiitas. Khomeini convocou o povo a lutar contra o Baath e, em resposta, o Iraque expulsou mais 40 mil xiitas do seu território e executou o aiatolá Mohammed al-Bakr Sadr, aliado de Khomeini.

Era o início de uma guerra que durou oito anos entre os vizinhos Irã e Iraque e deixou centenas de milhares mortos. Dois anos após o cessar fogo entre Irã e Iraque, Saddam ordenou a invasão do Kuaite, o vizinho do sul.

Em janeiro de 1991, os Estados Unidos decidiram defender o Kuaite e deram início à operação Tempestade no Deserto, que derrotou o já enfraquecido exército iraquiano e impôs um duro embargo econômico ao país.

Diante da negativa de Hussein em cumprir uma das condições da rendição iraquiana na Guerra do Golfo, a de abrir o território para busca de possíveis armazéns de armas, os Estados Unidos ocuparam o país em 19 de março de 2003. Em julho, soldados norte-americanos mataram os dois filhos do líder refugiado.

A população iraquiana ainda está dividida sobre o homem que governou o Iraque com mão-de-ferro nos últimos 24 anos.

Para alguns, ele é herói; para outros, um tirano. A minoria curda, por exemplo, apóia os Estados Unidos porque foi sistematicamente dizimada pelo líder nos últimos anos. Os leais ao antigo regime – entre cinco e 50 mil pessoas –, ainda promovem a resistência ao antigo ditador e já mataram centenas de pessoas desde que a fase principal de conflitos foi encerrada em 1º de maio.

Líderes mundias comemoram

As celebrações ao redor do mundo pela captura de Saddam Hussein mostram como o ex-ditador não tem amigos. Mesmo França e Alemanha, que se opuseram à guerra lançada pelos EUA para derrubar Saddam, aplaudiram sua prisão por forças norte-americanas, que o capturaram no sábado sem disparar um tiro.

O presidente francês Jacques Chirac disse: “Este é um grande evento que deverá contribuir com força para a democratização e a estabilização do Iraque e permitir que os iraquianos mais uma vez sejam senhores do seu destino em um Iraque soberano.”

O chanceler da Alemanha, Gerhard Schroeder, saudou o presidente dos Estados Unidos, Georgew W. Bush, com um telegrama, onde também pediu esforços internacionais para a reconstrução do país rico em petróleo.

Iraquianos vão às ruas

Captura foi comemorada em Nassíria e outras cidades iraquianas raquianos tomaram as ruas em Bagdá e outras cidades do país, para comemorar a captura do presidente deposto do Iraque, Saddam Hussein.

Em Kirkuk, no norte do país, centenas de curdos dispararam tiros para o alto e se abraçaram, quando a notícia foi divulgada pelas forças americanas, ontem de manhã.

Cenas parecidas se repetiram na capital iraquiana e nas cidades de Nassíria e em Basra, no sul do país.

Em Bagdá, salvas de tiros eram ouvidas em toda a cidade enquanto iraquianos dirigiam pelas ruas buzinando e fazendo o sinal de vitória.

Ceticismo

Apesar das comemorações, muitos iraquianos relutam em acreditar na prisão do ex-líder que governou o país por 24 anos.

“Eu ouvi a notícia, mas só vou acreditar vendo”, disse Mohamed al-Hasaji.

“Eles (as forças americanas) precisam nos mostrar que realmente estão com ele.”

Embora a coalizão liderada pelos Estados Unidos tenha divulgado fotografias de Saddam capturado, muitos iraquianos ainda não viram as imagens.

Resistência

A expectativa dos americanos é que a prisão mine o movimento de resistência à presença americana no país.

“A resistência se espelha nele. Há ainda gente que acerdita que ele vai voltar”, afirmou o líder do Conselho Supremo da Revolução Islâmica, Ali Albayati.

Blair destaca ajuda ao Iraque

O aliado mais próximo de Bush, o primeiro-ministro britânico Tony Blair, foi um dos primeiros a confirmar a prisão e a afirmar que o novo Iraque é um benefício principalmente para o povo que sofreu sob o governo de Saddam. “Isso tira uma sombra do povo do Iraque. Saddam não voltará.”

Um porta-voz de John Howard, primeiro-ministro da Austrália, um dos primeiros países a comprometer tropas no Iraque, disse: “A captura de Saddam vai tirar um enorme peso e remover o grande medo do povo do Iraque.”

O primeiro-ministro da Espanha, José Maria Aznar, outro aliado dos EUA, disse que a prisão retira o principal bloqueio para a paz e a democracia.

Saddam não tem aliados no exterior e seu principal inimigo, o Irã, com quem lutou na maior parte dos anos 1980, aderiu aos pedidos para que o ditador pague pelo que fez”, disse o vice-presidente do Irã, Mohammad Ali Abtahi.

O líder do Congresso Nacional Iraquiano, Ahmad Chalabi, disse à Reuters que Saddam será colocado em julgamento. Na semana passada foi estabelecido um sistema para julgar Saddam e líderes baathistas no Iraque.

Brasil vê reeleição favorecida

O governo brasileiro considera que a prisão do ditador iraquiano Saddam Hussein favorece uma desocupação mais rápida do país e também a reeleição do presidente norte-americano George W. Bush.

Segundo Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República, a partir da prisão de Saddam, espera-se que o processo de normalização democrática do Iraque se acelere.

“Já foram dados passos consistentes para entregar o poder do Iraque aos iraquianos. (…) Nesse caso, será um bom passo para a paz”, disse. Garcia afirmou também que a prisão de Saddam ajuda Bush a reeleger-se.

“Isso é óbvio, mas não estamos preocupados porque o governo brasileiro tem ótimas relações com o governo norte-americano e não nos cabe interferir em uma eleição interna.”

A eleição presidencial norte-americana acontece no segundo semestre de 2004. O assessor participou da reunião do Diretório Nacional do PT em Brasília.

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