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Bombeiro que praticou crime passional vai a Júri Popular

Os ciclistas diminuíram de velocidade. Muitas pessoas que faziam a caminhada matinal de domingo pararam. Pais, tios ou avós que levavam as crianças para se divertir nos brinquedos olhavam para o grupo com curiosidade.

Os ciclistas diminuíram de velocidade. Muitas pessoas que faziam a caminhada matinal de domingo pararam. Pais, tios ou avós que levavam as crianças para se divertir nos brinquedos olhavam para o grupo com curiosidade. De camisetas brancas e batendo palmas, cerca 100 pessoas clamavam por Justiça na manhã de ontem no Parque da Cidade. Ativistas de organizações de enfrentamento da violência, amigos, parentes, ex-alunos da professora de inglês Josiene Azevedo de Carvalho, executada pelo ex-namorado há um ano e três meses, com um tiro na cabeça.
O cabo do Corpo de Bombeiros Militar do DF Antônio Glauber Evaristo Melo matou a jovem dentro próprio carro, inconformado com o fim do relacionamento. Depois de matar a jovem no início da madrugada, em 26 de junho do ano passado, na Quadra 7 da Octogonal, o cabo entregou o corpo da vítima à 3ª DP (Cruzeiro Velho), onde confessou o crime. Amanhã, a partir das 9h, ele sentará no banco dos réus do Tribunal do Júri Popular de Brasília.
A passeata buscou lembrar a população sobre o crime. Josiene deixou um casal de filhos, um menino de 9 anos e uma menina de 5. Os dois, hoje, moram com o pai. Josiene, sobrinha do secretário de Saúde, Augusto Carvalho, lecionava inglês em uma escola no Sudoeste. Na manhã de ontem, vários ex-alunos participaram do movimento Justiça por Josie, organizado pelos familiares e representantes de organizações pacifistas do Distrito Federal.
Para a família da vítima, o evento serviu para chamar a atenção da sociedade para o problema da impunidade. “O que percebemos é que crimes como o que abalou a nossa família ocorrem um atrás do outro e a sociedade acaba por não conhecer o destino dos culpados. Exigimos Justiça por Josie e que os bombeiros excluam de seus quadros o homem que a matou”, cobrou o bancário Romero Carvalho, 57 anos, tio da vítima. “Sabemos que nada disso preencherá a lacuna deixada por Josie, mas precisamos de uma resposta do Judiciário”, acrescentou.
O secretário Augusto Carvalho chamou a atenção para o tempo que se passou desde que o crime ocorreu e o julgamento do bombeiro. “Ele matou e entregou o corpo na delegacia. A polícia não precisou procurar provas ou indícios de quem seria o assassino. Então, por que essa demora para se fazer Justiça?”, questionou.
A mãe de Josie, Maria Marlene Azevedo de Carvalho, 53 anos, argumentou sobre a necessidade das punições para crimes como o que lhe arrancou a filha serem mais severas. “Os culpados hoje são soltos após cumprirem um sexto da pena. Isso sem falar que o bombeiro que matou minha filha se encontra praticamente em prisão domiciliar. Onde está a Justiça nisso? Ele tinha que ficar em uma cela comum, ser tratado como um criminoso qualquer”, desabafou.
Exoneração
Os organizadores, com o apoio da organização não governamental Comitê Nacional de Vítimas da Violência (Convive), colheu assinaturas em um documento que pede a expulsão do cabo Glauber Melo do Corpo de Bombeiros. Para os familiares da vítima, não é justo que um assassino confesso nos quadros de uma corporção como a dos Bombeiros, cuja principal missão é salvaar vidas.
A passeata contou com a participação de órgãos da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do DF, como a Subsecretaria de Proteção às Vítimas de Violência (Pró-vítima) e a Coordenação de Assuntos para Mulher. “Estamos aqui para dar o apoio à família e ajudar na mobilização e fortalecimento deles para o julgamento, tendo em vista que foi um crime cometido contra a mulher. Ocorrências que temos visto crescer nos últimos anos. Para se ter uma idéia, somente de abril a julho tivemos mais de 700 casos registrados contra a mulher e que estamos analisando”, declarou a subscretária da Pró-Vítima, Valéria de Velasco.
Segundo Wanda Galdino, da Coordenação de Assuntos para Mulher, casos como o de Josiene reforçam a necessidade de conscientizar a população dos problemas vividos por milhares de mulheres no DF. “Apesar de leis como a Maria da Penha, as mulheres ainda sofrem muito. A Casa Abrigo, para onde são encaminhadas vítimas de violência, costuma receber, em média, 30 mulheres por mês”, disse Wanda.
MEMÓRIA
Jantar e morte
No dia 26 de junho de 2008, o cabo do Corpo de Bombeiros Antônio Glauber Evaristo Melo chamou Josiene Azevedo de Carvalho para jantar em um restaurante mexicano, na 215 Sul. Por volta das 19h30, ele buscou a vítima na quadra 7 da Octogonal. Após o encontro, os dois retornaram para a casa de Josiene e parou o carro, um Golf de placa JFS 2224/DF, em frente ao bloco da professora. Ali, insistiu para que ela reatasse o namoro. Diante das recusas da ex-namorada, o bombeiro pegou um revólver que tinha debaixo do banco e atirou na cabeça dela. Josiene morreu na hora. Segundo familiares da vítima, Josiene queria dar um fim ao namoro com o bombeiro desde 2006, mas postergava a decisão devido às ameaças que recebia constantemente do companheiro. De acordo com testemunhos de familiares e amigos da vítima, Antônio Glauber tinha costume de andar armado e dizia que o revólver era o seu melhor amigo.

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