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Redução de candidatos e eleitores jovens preocupa Justiça eleitoral

Mesmo com o movimento estudantil pela saída do reitor da Universidade de Brasília, a verdade é que o interesse dos jovens brasileiros pela política já não é mais o mesmo.

Mesmo com o movimento estudantil pela saída do reitor da Universidade de Brasília, a verdade é que o interesse dos jovens brasileiros pela política já não é mais o mesmo. O número de eleitores e candidatos com menos de 20 anos vem caindo desde 1992, quando Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começou a contabilizar os dados.

O TSE e os TREs lançam campanhas publicitárias e promovem projetos sociais para incentivar os mais novos a se alistarem e a votarem de maneira consciente, longe de armadilhas como a compra de votos. A União Nacional dos Estudantes (UNE) diz que a participação da juventude se concentra nos movimentos sociais, mas também promove campanhas de alistamento.

Existem 12,3 milhões de eleitores filiados a partidos políticos no Brasil – menos de 10% do eleitorado total, segundo o TSE. Desses, 575 mil são militantes com idade entre 18 e 24 anos, ou seja, 4,7% do total de partidários. Todo esse contingente tem potencial para disputar uma vaga na câmara de vereadores. Para concorrerem às prefeituras, situação em que a idade mínima é de 21 anos, há 454 mil potenciais candidatos. Muitos jovens já se preparam para assumir essa responsabilidade.

Apatia

O presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello, entende que os números revelam a apatia da juventude. Ele faz coro ao grupo que entende que a corrupção é causa dessa baixa participação eleitoral. Só que o remédio, avisa ele, não é desistir. “Precisamos fazer a purificação pelo voto, escolhendo os melhores candidatos, e não deixando de votar”, afirma Marco Aurélio ao Congresso em Foco.

A campanha publicitária “Heróis” quer incentivar a juventude a participar das eleições ao retratar personalidades da história recente do Brasil que lutaram pela melhoria do país. “A apatia não conduz a nada, é fuga, e o jovem, que é um idealista por natureza, não pode ser apático”, disse Marco Aurélio, no final do mês passado.

Os tribunais regionais eleitorais vão na mesma linha. Oito deles desenvolvem projetos para que os estudantes de seus estados se envolvam com as eleições de maneira consciente e não aceitem vender seus votos. O objetivo também é aumentar o alistamento eleitoral nessa faixa etária.

No Ceará, por exemplo, o programa “Eleitor do Futuro”, implantado em 2003, atendeu 72 mil pessoas. O número de jovens com 16 e 17 anos portadores de títulos aumentou 75%. A meta era de apenas 30%.

A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) promove, desde fevereiro, a campanha “Se liga 16”, para estimular os mais novos a tirarem seus títulos. Segundo a presidente da UNE, entidade-irmã da Ubes, Lúcia Stumpf, o programa é desenvolvido em pelo menos três estados: Rio, Paraná e Rio Grande do Sul.

Corrupção

A corrupção ou, pelo menos, a percepção dela é a maior causa da baixa participação eleitoral da juventude brasileira. “A política causa repulsa ao jovem, que vê tanta podridão e corrupção. Eles pensam que, mesmo que se alistem como eleitores, nada vai ser diferente”, analisa o cientista político David Fleischer.

Ele diz que a baixa mobilização se explica também porque, em 1992, ano do impeachment do então presidente Fernando Collor, o voto aos 16 era “uma novidade”.

O presidente nacional do PSTU, Zé Maria Almeida, diz que a repulsa contra os políticos se reforça na mente dos jovens a cada escândalo novo, como os altos gastos com cartões corporativos. Mas ele acredita que o objetivo meramente eleitoral dos grandes partidos também motiva essa repulsa.

“Os partidos não se organizam pela mudança social, mas só pelas eleições. Esse modelo é inócuo”, afirma Zé Maria. Segundo ele, o jovem se frustra ao ver que, no poder, o político não promove as mudanças necessárias.

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