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Resultado do inquérito Hutton poupa Blair e acusa a BBC

LONDRES - O primeiro-ministro da Grã-Bretanha obteve nesta quarta-feira sua segunda vitória política em dois dias, ao ver seu governo ser inocentado em grande parte pela Justiça de participação numa trama que envolve suicídio, manipulação e acusações falsas contra o Iraque de Saddam Hussein.

LONDRES – O primeiro-ministro da Grã-Bretanha obteve nesta quarta-feira sua segunda vitória política em dois dias, ao ver seu governo ser inocentado em grande parte pela Justiça de participação numa trama que envolve suicídio, manipulação e acusações falsas contra o Iraque de Saddam Hussein.

Em vez de confirmar os temores de Downing Street e manchar a reputação de Tony Blair (já abalada pela impopularidade da guerra e de outras medidas domésticas), o resultado do chamado Inquérito Hutton terminou respingando no principal antagonista do governo no caso: a emissora pública britânica BBC.

Numa sessão transmitida ao vivo pela TV, o juiz Brian Hutton afirmou que era “sem fundamento” uma reportagem da emissora veiculada em maio do ano passado, que acusava o governo Blair de manipular dados num dossiê sobre o Iraque para justificar sua decisão de aliar-se aos EUA de George W. Bush e ir à guerra.

– Considero a acusação sem fundamento. Seria entendido por aqueles que ouviram a transmissão que o dossiê (sobre o Iraque) tinha sido enfeitado com dados sabidamente ou supostamente falsos ou não confiáveis, o que não foi o caso – determinou o juiz.

Lorde Hutton também inocentou o governo Blair daquele que era o ponto central de sua investigação: a morte do especialista em armas David Kelly, que cometeu suicídio em julho passado após ser apontado como fonte da reportagem da BBC.

Hutton confirmou que Kelly cortou os pulsos ‘sem a participação de terceiros’ e disse que “ninguém poderia prever suas ações”. A única reprimenda ao governo Blair teve como alvo o Ministério da Defesa, que segundo o juiz “falhou” por não dizer ao cientista que confirmaria seu nome aos jornalistas como fonte da BBC. Kelly, um ex-inspetor de armas no Iraque, trabalhava para o Ministério da Defesa da Grã-Bretanha quando morreu. O juiz disse ainda que o governo não agiu de forma “desonrosa, dissimulada ou dúbia” ao revelar a identidade do cientista.

Na terça-feira, Blair já havia sobrevivido a outro teste, o maior a que seu governo foi submetido em seis anos no Parlamento. Apesar de uma rebelião dentro de seu Partido Trabalhista, Blair conseguiu aprovar (com apenas cinco votos de diferença) a proposta que permite a cobrança de taxas em universidades públicas.

Enquanto Downing Street foi amplamente poupado, a BBC foi duramente criticada. O ‘imbroglio’ entre a emissora e o governo começou em maio do ano passado, quando o repórter Andrew Gilligan, após entrevistar Kelly, afirmou na Radio 4 da BBC que o governo havia inserido num dossiê de acusação ao regime de Saddam a informação de que o Iraque possuía armas de destruição em massa capazes de serem mobilizadas em até 45 minutos, mesmo sabendo que a acusação era falsa.

O juiz criticou o sistema editorial da BBC, chamando-o de “defeituoso” por permitir que Gilligan transmitisse sua reportagem sem que os editores tivessem visto um script antes. Ele também criticou os diretores da emissora, por não terem considerado se a acusação deveria ter sido transmitida. Segundo ele, os diretores deveriam ter realizado “investigações mais detalhadas” das informações colhidas pelo repórter.

O inquérito sacudiu as estruturas da emissora e gerou rumores de que o presidente da BBC estaria considerando deixar o cargo depois das duras críticas e uma fonte de alto escalão disse que o humor na BBC e “muito ruim”. O futuro do diretor-geral da BBC, Greg Dyke, e do diretor de notícias, Richard Sambrook, também parece estar em jogo.

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