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Justiça decreta prisão de policiais acusados de tortura

O delegado seccional de Bauru, Doniseti José Pinezi, informou na noite da última sexta-feira (21) que a Justiça decretou a prisão temporária por 30 dias dos seis policiais militares acusados da morte de um jovem de 15 anos na última semana. “A prisão vence na segunda-feira, então eu pedi a temporária para que eu consiga concluir o inquérito”, afirmou em entrevista ao G1.

O delegado seccional de Bauru, Doniseti José Pinezi, informou na noite da última sexta-feira (21) que a Justiça decretou a prisão temporária por 30 dias dos seis policiais militares acusados da morte de um jovem de 15 anos na última semana. “A prisão vence na segunda-feira, então eu pedi a temporária para que eu consiga concluir o inquérito”, afirmou em entrevista ao G1.

Pinezi informou não ter dúvidas de que houve tortura contra o jovem. “Inclusive eu estou com as fotos e elas mostram claramente os sinais de choque”, disse. De acordo com o delegado, os seis policiais devem permanecer detidos no presídio Romão Gomes, em São Paulo.

Na madrugada de sábado (15), seis policiais militares foram até uma residência no Bairro Mary Dota, em Bauru, a 343 km da capital paulista, à procura de uma moto que tinha sido roubada. Os PMs entraram na residência onde morava o adolescente de 15 anos. Ele morreu horas depois, quando deu entrada no pronto-socorro central. Os policiais negam a tortura.

O Instituto Médico-Legal (IML) de Bauru confirmou na terça-feira que o adolescente de 15 anos foi torturado com choques elétricos. Ele teve uma parada cardíaca provocada pelas descargas. O corpo do jovem apresentava 30 lesões causadas por choques. Em nota oficial, a Polícia Militar reconheceu que houve indícios de crime militar.

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), assinou nesta sexta decreto que autoriza o Estado a pagar indenização à família do adolescente. O decreto será publicado no Diário Oficial deste sábado e institui um grupo de trabalho que terá 30 dias para definir os critérios e o valor da indenização.

Estado de choque

Quatro dias após ter presenciado a morte do irmão, quando sua casa foi invadida por policiais, Débora Rodrigues, 26 anos, disse ao G1 na noite desta quarta-feira (19) estar em “estado de choque”. “Não consigo assimilar direito o que está acontecendo. Minha mãe chora sem parar, não come, não dorme. Está sob o efeito de remédios”, conta.

Débora é a terceira dos quatro irmãos do adolescente de 15 anos. Emocionada, a costureira diz que, agora, sua família só encontra consolo na esperança de justiça. “O que está mantendo a gente em pé é a acreditar que a justiça vai ser feita. Confiamos nisso”, afirma.

Nesta terça-feira (18), Débora prestou depoimento à polícia. Mesmo repetindo a história pela segunda vez no mesmo dia para a reportagem do G1, ela ainda se emocionou. “Eles chegaram lá em casa por volta das 3h. Chegaram batendo brutalmente na porta e gritando ‘abre a porta, abre a porta’. Foi quando minha mãe levantou da cama”.

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Débora conta que, no momento em que os policiais chegaram, ela, a mãe e o irmão estavam em casa dormindo. “Minha mãe foi direto para a sala. Eles continuavam gritando e a gente viu da janela que eles estavam armados. Aí minha mãe abriu”, diz a costureira acrescentando que não é válido o argumento de um dos policiais envolvidos de que elas os teriam deixado entrar. “O que ela (a mãe) podia fazer? Eles estavam armados e gritando.”

Segundo Débora, assim que entraram, os policiais apontaram as armas para ela e para mãe e perguntaram pelo irmão. Ela chegou a pedir para que eles deixassem o irmão em paz, mas um deles teria falado: “cala a boca senão vai sobrar para você”.

“Eles entraram no quarto e trancaram a porta. Depois disso só ouvi meu irmão gemendo e gritando “não, senhor”. Isso foi até às 4h11, quando a gente não ouviu mais nada”. Débora diz se lembrar do horário porque olhou no celular quando tudo ficou muito silencioso.

Depois disso, segundo a irmã do adolescente, os policiais saíram correndo do quarto com o garoto nos braços e entraram no carro. Ela conta que ainda ouviu quando um deles falou que era preciso levar o adolescente para o hospital.

“A gente só soube que ele tinha morrido às 9h30, quando um outro policial que não tinha nada a ver com o caso contou para a gente. Eu estava saindo da delegacia seccional e ele falou”.

Apesar de toda a dor e revolta, a irmã diz que a família não tem mais medo. ‘Isso foi uma coisa que assustou muito a gente. Mas agora a gente não penas mais nisso. Acho muito difícil que qualquer um venha nos fazer algum mal. Tudo o que a gente quer e pensa agora é em justiça”.

Outro lado

O advogado Sérgio Eduardo Mangialardo, que responde pela defesa de quatro dos seis acusados, disse que eles negam a tortura contra o garoto. Os policiais informaram ao advogado que o jovem passou mal logo depois de ser algemado. Eles socorreram a vítima, que já chegou com parada cardiorrespiratória ao hospital.

A defesa irá levar o laudo do Instituto Médico-Legal (IML) que diz que o corpo do jovem tinha 30 lesões provocadas por choques para um perito analisar. “O laudo ainda vamos analisar, estamos chamando um perito para contestar alguns pontos”, disse Mangialardo.

Três dos policiais que ele defende reconhecem que entraram no quarto onde estava o menino na noite de sábado (15). O quarto acusado permaneceu na sala com a família do jovem. Todos garantem, no entanto, que não ocorreu tortura no local.

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