Força armada que mais gastos contabiliza com cartões corporativos do governo, a Marinha tem uma das oficiais lotadas na assessoria jurídica, a tenente Érika Las Casas Leão, com uma conta de R$ 27 mil sacados em dinheiro vivo em apenas cinco meses do ano passado. São 14 operações, todas envolvendo retiradas em espécie. Entre 30 de julho, uma segunda-feira, e 3 de agosto, sexta, ela foi ao caixa eletrônico e sacou R$ 1 mil diariamente. Deu um tempo no fim de semana e voltou à carga na segunda-feira, no mesmo valor.
Por se tratar de saques em espécie, não há como saber onde ou como o dinheiro foi gasto sem que a Marinha apresente as respectivas notas fiscais do bem ou serviço adquirido. O Correio enviou um e-mail questionando as operações com o cartão corporativo da tenente Érika na quinta-feira — que chamaram a atenção devido ao padrão de gastos e ao fato de ela atuar numa repartição tipicamente burocrática, como a assessoria jurídica do gabinete do comandante.
A Força respondeu ontem, com as mesmas explicações genéricas dadas na véspera. “Os gastos realizados com os cartões de crédito corporativo em uso pela Marinha foram, principalmente, decorrentes de visitas oficiais, especialmente de dignitários de outras Marinhas, acompanhados das respectivas delegações”, escreveu, em nota, a assessoria de imprensa. Depois, informou que os saques atenderam “necessidades de aquisição de materiais ou contratação de serviços”. Sobre o padrão identificado nas operações da tenente, a explicação é de que o limite de saque diário nos caixas do Banco do Brasil é de R$ 1 mil.
