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Juiz preso soltou duas vezes assaltante do Banco Central

Titular da Vara de Execuções Criminais beneficiou chefe de facção criminosa

Ezequiel Fagundes opais@oglobo.com.br

BELO HORIZONTE > Preso preventivamente ontem por decisão inédita do Tribunal de Justiça de Minas, o juiz Amaury de Lima e Souza, da Vara de Execuções Criminais de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, não só concedeu decisões favoráveis para os maiores traficantes de drogas do país como também prestava assessoria jurídica para os bandidos. Um dos chefes da maior organização criminosa de São Paulo, o mega traficante José Severino da Silva, o Cabecinha, um dos assaltantes do Banco Central em Fortaleza, em 2006, foi solto duas vezes por decisões do magistrado mineiro. É o que revela detalhes do inquérito aos quais O GLOBO teve acesso.

Segundo as investigações, Amaury de Lima era o chefe do núcleo jurídico da quadrilha desarticulada na Operação Athos, da Polícia Federal (PF) em Minas, na última terça-feira. Setenta milhões de reais em bens do bando foram bloqueados pela Justiça. Assim como agia para favorecer Cabecinha, o juiz orientava a advogada da quadrilha, Andréia Elizabeth, a forjar documentos falsos e favorecer outros bandidos. Primeiro, a defensora entrava com pedido de transferência justificando que familiares dos acusados haviam mudado de estado. Após a transferência, o juiz conseguia atestados médicos falsificados para embasar os pedidos de conversão de regime fechado em domiciliar. Fora das grades, os bandidos fugiam. Cabecinha se favoreceu desse expediente em duas oportunidades. Apesar da folha corrida, o traficante só foi preso há dois meses na região do Triângulo mineiro. Na ocasião, portava 30 quilos de cocaína. Atualmente, ele cumpre pena na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH.

De acordo com as investigações, que incluem farto material de grampo telefônico, o juiz conversava diretamente com advogada Andréia, que virou sua amante, e com um sargento da PM, identificado como Bim, ambos presos em Juiz de Fora. Na conversa interceptada entre os traficantes, Amaury de Lima era chamado de rei . Ontem, o órgão especial do TJMG decretou a prisão do juiz por tempo indeterminado, até que se concluam as investigações da Operação Athos.

O advogado do juiz foi procurado, mas não retornou aos pedidos de entrevista.

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