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Quadrilha dos alvarás tem ligações com Senador

Brasilia – Durante a busca e a apreensão da Operação Átrio, que desmantelou um suposto esquema de pagamento de propinas para liberação de alvarás de construção nas administrações regionais de Águas Claras e Taguatinga, policiais civis e promotores de Justiça encontraram na luxuosa cobertura do empresário Luiz Bezerra de Oliveira Filho, um documento que chamou a atenção: o contrato de gaveta para locação do imóvel em nome de Paulo Argello, irmão do senador Gim Argello (PTB-DF).

Investigado como um dos empresários suspeitos de pagar propina para conseguir autorizações de construção, Bezerra morava na unidade 801 do Residencial Vinícius, em Águas Claras, mas deixou o imóvel mobiliado e mudou-se para uma casa ainda mais confortável no Lago Sul. A cobertura que ocupa todo um andar do prédio estava destinada a Paulo Argello, empresário de Taguatinga. No mesmo prédio, vive o ex-administrador de Taguatinga Carlos Alberto Jales, suspeito de receber propina em troca da liberação de alvarás.

Embora more com a família num apartamento avaliado em mais de R$ 1 milhão, Jales não pagava aluguel. O imóvel erguido por Luiz Bezerra foi vendido, em março de 2011, para a Viver Incorporadora e Constrututora. Com sede em São Paulo, ela atua no ramo de empreendimentos imobiliários. A reportagem entrou em contato por telefone e por e-mail com a empresa, mas não obteve retorno.

Com a prisão temporária decretada decretada, Jales apresentou-se ontem à polícia. Indicado para o cargo pelo deputado distrital Washington Mesquita (PTB), aliado político de Gim, o ex-administrador de Taguatinga tem também um vínculo com o senador petebista. A mulher dele, Marfisa Adriane Gontijo Jales, trabalha na liderança do Bloco Parlamentar da União e Força, presidido por Gim.

Luiz Bezerra, empresário baiano, veio para a capital há mais de duas décadas e conseguiu se destacar no mercado imobiliário. Dono da LB Valor,  ergueu muitos empreendimentos, a maior parte em Águas Claras e Taguatinga. Ele começou a fazer dinheiro em 1995, três anos depois de chegar a Brasília. Na ocasião, foi o engenheiro responsável pela construção do Hospital Anchieta, em Taguatinga. Logo depois, abriu uma pequena construtora e começou a executar obras na cidade, entre eles os shoppings Top Mall e Quê, o Centro Clínico de Taguatinga e diversos condomínios.

Presentes

A polícia e o MPDFT querem saber os motivos das regalias concedidas a Jales, considerado foragido até a madrugada de ontem, quando advogados informaram à Justiça que ele estava internado com crise hipertensiva em um hospital particular de Taguatinga. A alta está prevista para esta manhã. Da unidade hospitalar, ele deve ir direto para a cadeia. No início de 2013, câmeras de monitoramento do Shopping Quê — também em Águas Claras e construído por Bezerra — flagraram o empresário entregando um pacote de dinheiro ao então administrador de Águas Claras Carlos Sidney de Oliveira, segundo a investigação. Na sequência, ele divide o montante com Carlos Jales. Os dois foram exonerados na quinta-feira, após a deflagração da Operação Átrio.

Segundo indicam as investigações, Bezerra também tinha hábito de pagar contas pessoais dos dois gestores. Em uma oportunidade, presenteou os administradores com R$ 40 mil em espécie. Todas as informações constam em inquérito. A Operação Átrio foi deflagrada na quinta-feira por promotores criminais de Taguatinga, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e policiais da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco). Eles suspeitam que empresários ofereciam propina aos ex-administradores de Águas Claras e de Taguatinga.

Procurado pela reportagem, Gim negou ligações com Luiz Bezerra. O senador afirmou que o irmão dele cogitou se mudar de Taguatinga para a cobertura do empresário, mas desistiu porque o valor do aluguel foi considerado muito alto.

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