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DF: crise política e co-responsabilidades

“Se o voto for desprovido de alguns comprometimentos básicos como participação e discernimento político e olhar crítico, as possibilidades de erro são infinitamente maiores”

 
O Brasil vive sob o regime de uma democracia representativa. Isto quer dizer que os eleitores são co-responsáveis pelos eleitos – do presidente da República aos vereadores dos menores municípios brasileiros.
A crise no DF deve nos fazer refletir sobre a democracia representativa e a co-responsabilidade dos eleitores, que, grosso modo, também, são responsáveis pelas mazelas de nossa política e detentores de mandatos eletivos. Seja em nível local ou nacional.
Pois bem, feita esta sintética reflexão, cabe dizer que pouco ou nada adianta satanizar a corrupção se não forem explicadas suas origens e consequências. Isto é tão verdadeiro que o ex-governador Joaquim Roriz já aparece liderando as pesquisas de intenção de voto para o governo do Distrito Federal.
Lembrem-se: Arruda é cria de Roriz, foi seu secretário de Obras quando o inacabado metrô do DF começou a ser construído. Arruda seria inclusive candidato ao GDF, em 1994, mas acabou disputando e vencendo a eleição para o Senado, de onde renunciou em razão do escândalo do painel. 
Todo o esquema de corrupção que Arruda operava ou chefiava foi criado no governo Roriz em seus quatro mandatos como governador do DF. Mas isto a imprensa não prioriza esclarecer ao eleitor. Assim, fica parecendo que todas as vigarices denunciadas pelo ex-secretário de Arruda, Durval Barbosa, começaram em 2006, quando o atual governador ganhou as eleições para o GDF.
Não nos esqueçamos que Roriz renunciou ao mandato de senador em 2008 porque se viu enredado em denúncias de corrupção. Sua opção, então, foi sair de cena para não perder os direitos políticos, o que o impediria de concorrer a novo mandato para o GDF já em 2010.
Sem mecanismos para entender o que acontece nos intricados jogos de poder e interesse da política, a maioria dos eleitores, sobretudo aqueles menos esclarecidos, tendem a optar pelo caminho que julgam mais fácil e conveniente – satanizar a política e seus mandatários.
Os mais prejudicados são aqueles que mais demandam a política como meio de resolver seus graves problemas – o povo. Sim, pois, só há um meio de solucionar os graves problemas estruturais de nosso povo: com participação política, associativismo; nos partidos, sindicatos, associação de moradores, de pais, etc.
A democracia representativa se expressa mais substantivamente pelo parlamento, em suas três esferas – federal, estaduais e municipais. Os eleitores delegam a alguns homens e mulheres que lhes representem na esfera federal, para o Congresso Nacional; na esfera estadual, para as assembléias legislativas; e na esfera municipal, para as câmaras de vereadores.
Desse modo, se o voto for desprovido de alguns comprometimentos básicos como participação e discernimento político e olhar crítico, as possibilidades de erro são infinitamente maiores.
Em geral, grande parte dos eleitores brasileiros votam sem prestar atenção a estes três elementos básicos de uma democracia representativa. Daí a baixa qualidade dos eleitos, que acabam por comprometer a política como instituição da democracia.
A Câmara Legislativa do DF é a expressão desse voto desprovido de olhar mais crítico e acurado. A baixa qualidade de seus representantes está relacionada à baixa qualidade de seus eleitores. É uma relação de causa e efeito. Fechar a Câmara, como defendem alguns, não resolve o problema. Pelo contrário, agrava.
O que se precisa é de um debate mais sério sobre a política e sua necessidade como ferramenta para luta coletiva e de organização do povo.
Descrentes, muitos eleitores embarcam no vagão do pessimismo e inconscientemente colocam todos que atuam na política, com ou sem mandato, no mesmo balaio daqueles que buscam nesta atividade apenas suprir seus interesses mais mesquinhos.
Estas figuras que se alimentam da politicagem e não da política não têm partido, não seguem programa, não têm coloração ideológica e não servem à causa alguma. Valem-se da despolitização da maioria, se apresentam, em geral, com discurso fácil, sem propostas, e compram os votos disponíveis dos eleitores mais carentes.
A crise política que envolve o governador do DF, secretários e deputados é mais uma faceta da crise de representação que atinge os partidos e a democracia representativa.
A solução deste problema não passa somente por uma reciclagem moral e ética das nomenclaturas, mas pela revisão crítica da atitude dos eleitores. Afinal, todos os eleitos – ‘bons’ ou ‘ruins’ – são escolhidos pelo soberano voto secreto, direto e universal.
 

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