Os juízes querem mudar o sistema de indicação de ministros para o Supremo Tribunal Federal (STF), mais alta instância do Judiciário. Eles avaliam que o modelo atual, que confere exclusividade ao presidente da República na composição da corte, se reveste de inquestionável interferência política. Em seus dois mandatos, o presidente Lula já nomeou 8 dos 11 ministros do STF e mais de 50% dos quadros dos outros tribunais superiores – o Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal Superior do Trabalho e o Superior Tribunal Militar.
“A forma de acesso vigente há muitos anos lança dúvidas sobre a independência e a imparcialidade do Judiciário”, observa Mozart Valadares, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), mentor da proposta de emenda à constituição que a entidade levará ao Congresso quarta-feira com sugestões para alterar o caminho até o STF.
Valadares acentua que “não há radicalismos” na proposta e afirma que a classe está aberta ao debate. Os juízes não almejam excluir do rol de atribuições do presidente a nomeação dos ministros, nem do crivo do Senado, mas consideram vital mexer no sistema, que é secular. Sugerem que entre 5 e 6 cadeiras sejam reservadas para magistrados de carreira. Hoje, apenas um ministro, Cezar Peluso, é juiz de origem. “A falta de regras objetivas para fundamentar a indicação do Executivo abre espaço para questionamentos”, alerta Valadares.