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O Conselho Nacional de Justiça vai apurar a suspeita de corrupção no Tribunal de Justiça de Minas Gerais na gestão do desembargador aposentado Orlando Adão Carvalho, além de acusações de favorecimento a filhos de desembargadores e dirigentes de associações de classe nas promoções de juízes.
Reportagem publicada na edição desta sexta-feira (29/5) da Folha (acesso a assinantes do jornal e do UOL) revela que o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, enviou ao ministro Gilmar Mendes, presidente do CNJ, cópia de e-mail que o desembargador Doorgal Gustavo Borges de Andrada remeteu a um colega com uma lista de supostos ilícitos e irregularidades.
Andrada sugere que houve “negociata” em aluguel, pelo tribunal, de moderno prédio na avenida Raja Gabaglia, em Belo Horizonte, e que o ex-presidente Carvalho teria recebido R$ 5 milhões na operação. Cita ainda a suspeita de “compra de votos” para eleger Carvalho.
Andrada questiona se o atual presidente, Sérgio Resende, tomou providências depois que os filhos do antecessor ameaçaram os filhos de Resende por causa do cancelamento da construção da nova sede do TJ-MG. Estimada em R$ 519 milhões, ela foi interrompida pelo atual presidente.
No final da gestão de Carvalho, houve até lançamento da pedra fundamental, com a presença do vice-governador Antônio Anastasia (PSDB). A comissão de licitação (cinco desembargadores) renunciara por causa de supostas ilegalidades no edital.
A denúncia foi enviada ao procurador-geral pelo juiz Danilo Campos, de Montes Claros. Andrada é ex-presidente da Associação dos Magistrados Mineiros e vice-presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros. Segundo Campos, ele foi “favorecido na carreira, ultrapassando mais de 40 colegas”, e “se viu contrariado em sua pretensão de ascender diretamente ao prédio que abriga os desembargadores mais antigos (o chamado alto clero)”. Andrada foi obrigado a ficar no prédio do antigo Tribunal de Alçada.
Campos alegou ao procurador que o TJ desrespeita a resolução nº 6 do CNJ, que trata de critérios para promoções de magistrados: “O merecimento no Judiciário mineiro tem sido privilégio, em primeiro lugar dos filhos de desembargadores, agora seguidos também dos dirigentes associativos”.
A conselheira do CNJ Andréa Pachá determinou o envio à Corregedoria Nacional de Justiça de cópias de toda a documentação sobre as “supostas irregularidades” apontadas “na correspondência privada mantida entre dois magistrados e cuja publicidade se deu, não se sabe de que forma”. Ela intimou o TJ a se manifestar, em 15 dias, sobre o alegado descumprimento da resolução do CNJ.
Outro lado
O ex-presidente Orlando Adão Carvalho diz que pretende transformar em queixa-crime um inquérito contra Andrada no STJ (Superior Tribunal de Justiça). “É claro que tudo é mentira”, diz. “Nós fizemos a alocação de um prédio para o tribunal. É ilógico que alguém pague R$ 5 milhões a outrem por alugar um imóvel durante cinco anos por R$ 600 mil por mês. Empresa nenhuma jamais faria isso”, diz ele.
O presidente do TJ-MG, Sérgio Resende, afirma que “as alegações de Andrada não o atingem”. “O que ocorreu na gestão passada não é problema meu.” Ele diz que o TJ cumpre a resolução do CNJ ao promover magistrados, e presta informações ao conselho.
Andrada diz ter sabido que o juiz Danilo Campos -que ele define como “adversário associativo na Amagis e na AMB”- “teria provocado o CNJ por sua conta, usando para isso um e-mail particular e privativo de minha vida pessoal”.
Escrito por Fred às 08h22
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