“Juízes e promotores no Brasil trabalham muito pouco no Brasil. O que falta, realmente, é vontade de trabalhar”. A crítica foi feita de forma veemente pelo presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Tocantins, Ercílio Bezerra, ao acompanhar ontem (24) o presidente nacional da OAB, Cezar Britto, em reunião com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), em Brasília. No encontro no Senado, durante o qual se discutiu, entre outros temas, a lentidão no julgamento de processos, Ercílio desmentiu a tese difundida por muitos, de que a máquina judiciária só não funciona no Brasil em razão da avalanche de recursos protelatórios.
Para Ercílio, o debate que se trava no Brasil a respeito do marasmo da máquina judiciária deve ser ampliado. Para ele, é necessário exigir de juízes e de membros do Ministério Público que, efetivamente, trabalhem. “Não é possível que um servidor, não importa a sua categoria, chegue ao trabalho às 14h e o deixe às 17h. Se todos esses operadores do Direito cumprissem com a sua função e, efetivamente, com sua jornada de trabalho, certamente a máquina judiciária brasileira não sofreria com tanto entrave”, lamentou.
O presidente da OAB-TO lembrou, ainda, outros aspectos que acabam por reduzir a jornada, já curta, principalmente de magistrados: o fato de muitos serem professores, atuarem como empresários e desenvolverem uma série de funções paralelas à atividade principal. “Há até mesmo aqueles que trabalham às terças, quartas e quintas e retornam às cidades de origem no final da semana”, exemplificou Ercílio. “Dizem que a máquina judiciária não funciona em razão dos inúmeros recursos. Não é verdade. Falta, mesmo, é vontade de trabalhar”.