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Cidades ‘declaram guerra’ aos motoqueiros assaltantes

As duas maiores cidades do país declararam guerra aos bandidos que agem sobre duas rodas. Em São Paulo, segundo a polícia, a cada dez roubos, seis são praticados por homens em cima de uma moto. Os próprios motoqueiros admitem.

As duas maiores cidades do país declararam guerra aos bandidos que agem sobre duas rodas. Em São Paulo, segundo a polícia, a cada dez roubos, seis são praticados por homens em cima de uma moto. Os próprios motoqueiros admitem.

“Pessoal de garupa está assaltando muito. Inclusive eu mesmo já fui assaltado por causa de garupa de moto”, conta o motoboy Max Ekstein.

Na semana passada, um promotor paulista disse ter reagido a uma tentativa de assalto. Matou o motoqueiro, que de acordo com a polícia, levava consigo as provas de crimes cometidos pouco antes: sete relógios roubados.

Mas como identificar essa minoria de motoqueiros assaltantes? A polícia de São Paulo diz fazer revistas e bloqueios diários.

No Rio de Janeiro, roubos com motos também são rotina. Um crime desse tipo causou comoção na cidade, na passagem do ano. Dois homens de moto atiraram contra o carro do médico Lídio Toledo Filho. Ele tomou três tiros, está paralítico. Sua mulher foi baleada duas vezes, mas já saiu da UTI.

Esse pavor não é só de cariocas e paulistas: tanto que num município do Nordeste com apenas 30 mil habitantes, o capacete virou inimigo.

Sem capacete

A cidade de São Sebastião, no interior de Alagoas, também vive atormentada com a violência. A insegurança aumentou ainda mais em todo o estado depois que a polícia civil decretou greve geral. Praticamente há cinco meses nenhum crime é investigado. Mas uma ordem do juiz de São Sebastião simplesmente reduziu a zero o numero de roubos e assassinatos, que eram cometidos por homens usando motos e capacetes. Muita gente tem histórias de crimes pra contar.

“O roubo foi na Rua da Canoa. O cara veio e matou esse outro também”, conta o jovem. A farmácia foi roubada. O mercado também. Dez assaltos nos três primeiros meses de 2007.

Foi em março do ano passado que o juiz da cidade decidiu: “Bandido aqui tem q tirar o capacete pra gente ver a cara dele”, diz Jairo Xavier Costa, juiz de Direito.

Em São Sebastião agora é assim. “Não uso capacete porque é proibido, o juiz proibiu”, conta Joseval dos Santos, técnico em eletrônica.

“O juiz determinou a lei aí que não é para usar capacete devido muitas mortes que tiveram no ano passado, o pessoal vem de capacete, encapuzado, e matam o pessoal, aí não tinha como conhecer eles”, explica o mototaxista Claudivan Barbosa dos Santos.

O juiz Jairo Xavier Costa pensa grande. Ele quer transformar o capacete no inimigo número um. “É para conscientizar o mundo que o capacete está ultrapassado. Protege a cabeça do motoqueiro, mas esconde a cara do bandido de crimes que acontecem em todo o Brasil. Eram seis, sete roubos por semana; agora zerou, não existe mais”, afirma o juiz.

O policial Laércio Clóvis do Nascimento concorda. A vida ficou mais tranqüila: “Positivo. Muito mais tranqüila. A violência não chega a ser zero, mas com uso de moto, acabou”.

No restante do país, ainda não se fala em proibir capacetes. Qualquer alteração das leis de trânsito só pode ser feita por órgãos federais – nunca pelo estado ou por municípios. Mas o juiz de Alagoas tem uma justificativa para sua decisão. “A Constituição somos nós que a fazemos”, diz ele.

Pressão do tráfico

Os mototaxistas de São Sebastião não têm os mesmos problemas que seus colegas cariocas. No Rio, o tráfico de drogas se aproveitou da rapidez das motos.

Dois mototaxistas ouvidos pelo Fantástico admitem. Quem trabalha perto de favelas sofre ameaças dos traficantes. “Se você não fizer o que eles pedem, você vai ter que se mudar, arrumar outro lugar para morar. Caso não morra antes”, diz um deles.

“É uma realidade, não tem para onde correr. Isso não vai mudar nunca”, acredita outro.

Mesmo sem proibir capacetes, o deputado federal Enio Bacci (PDT / RS) tem um projeto que pode alterar como se anda de moto no Brasil. “Vamos discutir, quem sabe, até a limitação do carona em áreas urbanas,se não for em todo o território nacional”, diz.

Outra medida proposta pelo deputado: copiar o que foi feito na Colômbia. Lá, a placa da moto é estampada no capacete e no jaleco. No caso de um crime, fica fácil identificar o dono da moto. Mas o especialista em violência Claudio Beato, da UFMG, avalia que ações isoladas não vão alterar em nada a criminalidade.

“Não existe uma medida milagrosa para resolver esse problema da criminalidade nos grandes centros”, acredita. E afirma que o sucesso da Colômbia nessa área foi além da legislação de trânsito.

“Ali foram feitos muitos projetos de desenvolvimento social, reforma urbana, por exemplo, até mesmo negociação com os grupos envolvidos com a criminalidade, tudo isso fez parte de um amplo espectro de ações”, afirma Claudio.

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