A Justiça dos Estados Unidos prorrogou até o próximo dia 17 de março a proteção legal que impede o confisco dos aviões da Varig, depois de a companhia aérea pagar sua dívida com arrendatários das aeronaves, informou a companhia.
O presidente de Varig, Marcelo Bottini, compareceu hoje a uma audiência ante o juiz Robert Drain, da Corte de Falências de Nova York, e depositou os US$ 56 milhões de dívida da companhia aérea com empresas de leasing, para evitar o confisco de aproximadamente 40 aviões.
Segundo nota divulgada pela empresa, logo após o pagamento o juiz prorrogou, pela segunda vez, a proteção judicial à Varig contra a cobrança de dívidas anteriores à sua entrada no mecanismo de recuperação judicial. Varig, que está à beira da falência, se acolheu em junho à recuperação judicial, mecanismo da nova lei de quebras brasileira.
“Implantamos uma gestão radical na empresa, numa grande mobilização de toda a Varig e daqueles que se relacionam com ela.
Tudo com um único objetivo: cumprir as metas estabelecidas em seu plano de recuperação”, expressou Bottini, que assumiu a Presidência da empresa em dezembro.
Além disso, o juiz Drain convocou uma nova audiência para 17 de março, para que a Varig entregue seu plano de recuperação devidamente aprovado pelos credores.
Se a companhia aérea cumprir esse requisito, Drain deve estender por 24 meses a proteção judicial dos aviões, algo já feito pela Justiça brasileira.
A Varig acredita ser fundamental a manutenção da totalidade da frota em operação, pois sua recuperação depende em grande parte do aumento de seu fluxo de caixa – para isso, precisa dos aviões voando.
A empresa disse ainda que também iniciou um “vigoroso programa de reintegração” dos aviões que estavam parados para manutenção, e prevê para o fim do mês uma frota operacional de 64 aeronaves, uma a mais que o previsto no plano de recuperação para o primeiro semestre deste ano.
Para melhorar sua situação financeira, a Varig concluiu ontem a venda de suas subsidiárias. A VarigLog, do setor de carga, foi vendida ao grupo Volo Brasil, liderado pelo fundo americano Matlin Patterson, enquanto a Varig Engenharia e Manutenção (VEM) foi vendida ao grupo Aero-LB, encabeçado por TAP. Ambas foram negociadas por um valor total de US$ 72,2 milhões.
A Varig também anunciou hoje que a partir do próximo domingo começará a operar vôos com destino à cidade alemã de Munique, com saída de São Paulo e Rio de Janeiro. A rota, que operará três vezes por semana, será a nona da empresa com destino europeu.
No fim do mês de setembro de 2005, a principal representante do Brasil nos céus do mundo tinha uma dívida de R$ 5,7 bilhões (cerca de US$ 2,478 bilhões) e um patrimônio líquido negativo de R$ 7,222 bilhões (cerca de US$ 3,140 bilhões).