Os advogados chilenos Carmen Hertz e Alfonso Insunza entraram nesta terça-feira com uma ação judicial por fraude contra o ex-ditador Augusto Pinochet (1973-1989), depois da revelação da existência de contas secretas nos Estados Unidos.
Antes disso, o filho mais novo do ex-ditador chileno, Marco Antonio Pinochet, admitiu a existência de contas bancárias de seu pai nos EUA, explicando que os depósitos foram feitos com doações e poupança pessoal.
“Meu pai é um homem honrado, que não roubou nem participou de atos de corrupção”, disse o filho de Pinochet à Rádio Agricultura.
No entanto, afirmou desconhecer quem fez as doações e de que maneira o dinheiro foi enviado a seu pai.
“Não conheço os pormenores, o montante, mas sei que houve doações feitas por particulares no exterior”, acrescentou.
Segundo o filho de Pinochet, também “é compreensível que uma pessoa que trabalhou durante toda a vida tenha poupança”.
Uma comissão do Senado dos EUA estabeleceu que o ex-ditador manteve entre 1994 e 2002 contas bancárias no Riggs Bank de Washington, com depósitos que flutuaram entre US$ 4 milhões a US$ 8 milhões.
“Transação oculta”
O dinheiro e as transações foram ocultados pelo banco, de acordo com a investigação americana.
A revelação complica a situação judicial de Pinochet no Chile, onde o Conselho de Defesa dos Estados (CDE) estuda nesta terça-feira a possibilidade de processá-lo com base em acusações –que podem ir de sonegação e evasão tributária à “enriquecimento ilícito”.
Marco Antonio Pinochet anunciou, além disso, a possibilidade de processar o Riggs Bank de Washington, “por divulgar informação confidencial de seus clientes”.
“Quando ficar demonstrado que este dinheiro é lícito, vamos iniciar ações contra o banco Riggs e contra todos os que o difamaram [o ex-ditador] ou de alguma maneira o afetaram”, disse o filho.
