O governo abandonou a promessa de estabelecer a ética na política e mudar as práticas públicas abusivas das elites governantes.
A opinião é do presidente da OAB, Roberto Busato, que criticou mais uma vez o governo nesta quinta-feira (25/3). A crítica foi feita na abertura do Colégio de Presidentes dos Conselhos Seccionais da OAB, que acontece em Curitiba até sexta-feira (26/3).
“Lamentavelmente, constata-se que aquelas práticas, em vez de transformadas, foram rapidamente assimiladas”, disse Busato. Segundo ele, o Brasil “assiste estarrecido a velha conduta de varrer o lixo para debaixo do tapete. Só que estamos numa época em que há mais lixo que tapete e a sociedade já não tolera esses expedientes. Quer transparência. Por isso, tenho dito que mais importante que o Fome Zero é a Corrupção Zero”.
Na platéia, composta por cerca de 300 pessoas, algumas delas balançaram a cabeça concordando com Busato sobre a frase “Corrupção Zero”.
Caso Waldomiro
Roberto Busato lembrou que o Palácio do Planalto foi colocado recentemente no centro de algumas suspeitas graves decorrentes do caso Waldomiro. Para Busato, o governo agiu da mesma forma que os governos anteriores, ou seja, optou pela operação-abafa ao tentar impedir a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado.
“Gestos como esse indicam fragilidade moral, e isso nos preocupa”, afirmou. E acrescentou: “Para enfrentar os desafios que estão postos, de mudanças na economia e de reversão das mazelas sociais, é preciso mais que criatividade ou inteligência, é preciso autoridade moral, que se nutre da coerência e do primado da ética”.
Ele criticou, ainda, a política econômica do governo. Para o presidente da OAB, “não foi para manter o modelo econômico excludente, injusto e concentracionista que aí está, voltado para a sustentação do sistema financeiro, em detrimento do produtivo, que o povo brasileiro elegeu Lula”.
“Não quero aqui que pareça que estamos com má vontade em relação ao governo. É nosso dever, como já disse, manifestar o que julgamos errado, assim como também temos o dever de registrar os seus acertos”, afirmou.
E em seguida citou apenas um acerto do governo: o anúncio do Ministério da Educação suspendendo a abertura de novos cursos jurídicos e a intenção de disciplinar o crescimento desenfreado das faculdades de Direito particulares.