BRASÍLIA. A ministra Denise Arruda, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou ontem um pedido de liminar feito pela Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) para suspender a portaria assinada anteontem pelos ministros da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e da Defesa, José Viegas, que prevê a participação dos funcionários da Infraero no controle de passageiros nos aeroportos. Com isso, está mantida a determinação do governo.
Mas a medida não chegou a ser posta em prática ontem. Segundo o Ministério da Justiça, ainda estavam sendo feitos os últimos ajustes para montar o esquema com a participação dos funcionários da Infraero, que vão substituir os agentes em greve no trabalho de atendimento a passageiros.
No Aeroporto Tom Jobim, no Rio, apesar da ameaça do governo de demitir os grevistas e convocar a Infraero, houve mais um dia de filas e longas horas de espera. Os agentes mantiveram a operação padrão e não apareceram delegados da PF para ajudar, como no Aeroporto de Cumbica, em São Paulo.
Ameaça de demissão acirra ânimo dos grevistas
A ameaça da direção da Polícia Federal de demitir agentes que abandonarem funções estratégicas para aderir à greve iniciada há dezessete dias acirrou ainda mais os ânimos do comando do movimento. Agora, os grevistas ameaçam estender a operação padrão aos passageiros que embarcam e desembarcam em vôos nacionais nos aeroportos de Santos Dumont, Congonhas, Cumbica e Brasília. A operação será feita inclusive na ponte aérea Rio-São Paulo.
Delegados da PF também foram destacados para ajudar no controle de passageiros, o que ajudou a reduzir as filas São Paulo. Anteontem, eles teriam deixado passar direto mil passageiros de vôos internacionais, segundo Garisto.
— Se acontecer novamente, os delegados podem ser presos por prevaricação — disse Francisco Garisto, da Fenapef.
Agentes federais, escrivães e papiloscopistas querem ganhar salários básicos compatíveis com os dos demais servidores com formação superior. O governo classifica a reivindicação como ilegal e diz não ter dinheiro em caixa.
O movimento expõe uma divisão histórica na PF. O comando de greve acusa os delegados, que não aderiram à greve, de interferirem na negociação dos agentes com o governo para evitar que os agentes passem a receber salários iguais aos deles. A crise aumentou depois que a direção da corporação designou delegados para o serviço que tradicionalmente compete aos agentes.
— Antigamente eles (os delegados) eram antagônicos. Passaram a ser adversários. E agora estamos às raias de sermos inimigos — afirmou Garisto.