A Polícia Federal começará uma greve geral no Brasil na próxima terça-feira (9/3). Para Francisco Carlos Garisto, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), o ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos teria “empurrado” os policiais federais para a greve.
Motivo: com a greve e a conseqüente paralisação de serviços como emissão de passaportes, o noticiário do escândalo Waldomiro Diniz murcharia à irrelevância.
A Fenapef conta com 12 mil filiados em todo o país. Os federais cruzam os braços em busca do cumprimento da Lei 9.266, de 1996, a regular os cargos de nível superior no serviço público brasileiro. Ou seja: se de agentes é exigido que tenham nível superior, para entrar na PF, os salários da categoria devem necessariamente se ater ao nível superior de escolaridade, o que não ocorre, segundo Garisto.
Caso a lei fosse cumprida, um salário inicial e bruto de RS$ 4,8 mil teria um acréscimo de RS$ 1,8 mil. Além disso, sustentam os federais, faltaria na PF até gasolina para viaturas.
As negociações entre a Fenapef e o governo vinham bem. Numa segunda-feira, 15 de dezembro passado, por volta das 19h30, o ministro José Dirceu, da Casa Civil, manteve um encontro privado com Francisco Carlos Garisto para colocar uma pedra na greve da Polícia Federal. A greve se estendeu por dois dias e contou com 12 mil federais de braços cruzados. Os federais encerraram oficialmente a greve, com a promessa do governo de que março agora as negociações seriam azeitadas.
Após o encontro com José Dirceu, em dezembro passado, Garisto declarou: “O ministro nos disse que queria resolver a situação e me perguntou do que precisávamos. Disse que a PF vem fazendo um trabalho brilhante, e que ele estava constituindo um grupo especial de trabalho, em caráter de urgência, um grupo presidencial junto de gente do Ministério da Justiça.
Dissemos a ele que a Justiça Federal do Ceará já nos deu ganho de causa nessa questão, e para tanto o ministro disse que constituiu um grupo de estudos técnicos para ver isso”.
Mas esse quadro desabou. Na semana passada, a mensagem emitida pelo Ministério da Justiça era que os federais procurassem os seus direitos. Isso colocou uma pedra nas negociações. E tanto bastou para que os federais entendessem o episódio como uma artimanha do governo, supostamente na tentativa de esfriar o escândalo dos bingos.
“Não temos mais confiança de sermos liderados por um ministro que nos empurrou para a greve, talvez para fazer da nossa greve um fato político, do qual talvez o governo esteja precisando para sair desse marasmo, sair dessas acusações que acontecem aí.
Especulamos isso porque as nossas negociações estavam boas, estavam progredindo, os representantes dos outros ministérios não entenderam a postura do ministro Márcio Thomaz Bastos, que de segurança não entende nada”, disse Garisto à revista Consultor Jurídico.