Carlinhos Cachoeira também é citado no processo iniciado ontem
A investigação do caso Waldomiro que o secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, determinou que fosse feita pela polícia do Estado começou com uma gafe.
O delegado Milton Olivier afirmou ontem que iria intimar Armando Dile, citado por Waldomiro Diniz como beneficiário da comissão de 1% pedida ao empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
A intimação não seria problema se Dile não tivesse morrido em 21 de dezembro de 2002, no Rio. Informado durante entrevista ontem de que o ex-assessor de Waldomiro morrera, o delegado disse que “[Dile] só vai morrer dentro do processo” quando ele achar uma certidão de óbito. E completou: “Talvez eu chegue à conclusão de que ele morreu, ou não”.
Velocidade
O indiciamento de Waldomiro pela polícia do Rio foi o mais rápido em comparação com as demais investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal e do MP Estadual.
O inquérito da Polícia do Rio foi instaurado na quarta-feira de Cinzas, segundo o delegado. Mesmo sem ter investigado nada (ele ainda não tomou nenhum depoimento) e mesmo sem ter recebido cópia da fita divulgada pela revista “Época’, o delegado já indiciou Waldomiro por corrupção passiva e Cachoeira por corrupção ativa.
Quem apontou os crimes, segundo o delegado, “foi a revista”. “Você acredita que a Época publicaria uma coisa que não existe?”, perguntou.
Pena prevista
Os dois crimes têm pena prevista de três a oito anos de prisão, que pode ser agravada com mais um terço. O delegado disse que intimará também José Renato Granado Ferreira, presidente da Aberj (Associação de Bingos do Estado do Rio de Janeiro), Waldomiro e Cachoeira. Ele quer saber se Waldomiro mudou o edital de licitação da Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro) para beneficiar Cachoeira.
Olivier descartou a possibilidade de Garotinho, responsável pela nomeação de Waldomiro quando era governador (1999 – abril de 2002), ser chamado a depor.
“O secretário não é acusado de coisíssima nenhuma. Tanto que foi ele quem determinou a abertura de inquérito [na sexta-feira]”. Olivier é titular da Draco (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado), uma das mais importantes especializadas da Polícia do Rio.