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Processo contra Rocha Mattos cita italiano que dizia representar o papa

Juiz federal que está preso aparece em fotos com o amigo em visita ao Vaticano. Igreja nega que Giancarlo Nardi seja seu representante.

Juiz federal que está preso aparece em fotos com o amigo em visita ao Vaticano. Igreja nega que Giancarlo Nardi seja seu representante.

O juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, preso na carceragem da Polícia Federal desde novembro, vai responder por mais dois processos no Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

As procuradoras que investigam um esquema de vendas de sentenças e corrupção, revelado pela Operação Anaconda, agora o acusam de calúnia contra um procurador e um desembargador.

O objetivo de Rocha Mattos era obter informações sobre um processo que envolvia o advogado Giancarlo Nardi. O outro processo envolve o empresário Najun Turner.

As ligações entre o juiz Rocha Mattos e Nardi aparecem nos relatórios de investigação da Operação Anaconda, deflagrada no final de outubro em São Paulo, que levou à cadeia delegados e agentes da PF, além de provocar o afastamento de dois outros dois juízes, os irmãos Ali e Casem Mazloum.

Vaticano

Nardi se apresenta em São Paulo como representante do papa João Paulo 2º. Imagens feitas durante uma viagem dele a Roma mostram o juiz Rocha Mattos fotografando Nardi junto ao papa na Praça de São Pedro, no Vaticano. Nardi entrega ao sumo-pontífice um exemplar do livro que trata da vida do papa.

A capa é feita toda em ouro, com a efígie de João Paulo 2º. A ligação entre Nardi e Rocha Mattos é investigada desde 2002 pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. Entre os documentos, há uma carta enviada por Nardi à ex-mulher de Rocha Mattos, Norma Regina Emílio Cunha, em 31 de março de 1998, na qual o italiano oferece ao juiz ajuda para abertura de uma conta no Banco Ambrosiano, do Vaticano.

“Como cidadão da comunidade européia”, escreve Nardi para Norma, “há o direito de abrir contas na Europa e, principalmente no Vaticano, estado independente onde as pessoas são anônimas, só identificadas mediante um número que só o titular da conta conhece”.

No Brasil, Nardi se apresenta também como “correspondente consular” do Vaticano em Guarulhos, cargo que não existe, conforme mostrou o DIÁRIO no dia 19. Mas segundo o advogado de Nardi, Hélio Bialski, o italiano tem papéis timbrados e documentos que comprovariam sua nomeação como representante do Vaticano no Brasil.

Procurado pelo DIÁRIO na semana passada, Nardi afirmou que tem as credenciais do Vaticano. “Tenho credenciais e vou mostrá-las”, disse Nardi. Ele não quis comentar a oferta a Rocha Mattos de abertura de conta corrente no Banco Ambrosiano.

No cartão de apresentação oferecido por Nardi, com o logotipo do Vaticano, está escrito o endereço do papa. O número de telefone apontado, no entanto, é de São Paulo. Como “representante do Vaticano”, o italiano participou, em 2002, de um negócio com a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição.

Logo após a canonização de Madre Paulina, que integrava a Congregação, Nardi trouxe da Itália 500 mil chaveiros da santa, mas houve problemas com o repasse dos ganhos para freiras. “Houve um conflito de interesses. Mas o caso já está encerrado. Eu doei os chaveiros para a igreja”, disse Nardi.

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