A justiça peruana pode convocar George Tenet, o diretor da CIA, o serviço secreto dos Estados Unidos, para depor no julgamento do ex-chefe do serviço secreto peruano, Vladimiro Montesinos, que começou nesta terça-feira.
Segundo o juiz, Tenet seria chamado para falar a respeito de sua relação com Montesinos a pedido de seus advogados de defesa.
Montesinos é acusado de venda de armas para as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Ele teria sido o responsável por uma operação em que dez mil fuzis AK-47, provenientes da Jordânia, teriam sido vendidos para o grupo rebelde colombiano.
Os promotores do caso afirmam ter provas que o ex-assessor direto do ex-presidente Alberto Fujimori teria tido o apoio da CIA nesta operação.
CIA
A operação teria ocorrido pouco antes da operação americana contra drogas na Colômbia, que teve o apoio do Peru.
Montesinos é acusado de planejar a operação no final da década de 90, acusação que ele nega.
A promotoria afirmou à BBC que o julgamento vai investigar o envolvimento da CIA, o Serviço Secreto americano, nesta operação, pois, para os promotores, Montesinos não poderia ter agido sozinho.
Um porta-voz da CIA em Washington se recusou a falar sobre o tema , limitando-se a declarar que ”o caso está nas mãos da Justiça”.
A advogada de Montesinos, Estela Valdivia, negou o contato direto entre seu cliente e a CIA, afirmando que eram ”reuniões de trabalho onde se buscava informação para acabar com o o crime mundial”.
Adiamento
Advogados de Montesinos pediram que o julgamento fosse adiado alegando que as condições em que ele está preso violam seus direitos, mas a Justiça rejeitou o pedido.
Segundo informações Montesinos parecia calmo na sala de audiências, que fica na prisão de segurança máxima construída durante sua permanência no governo peruano para alojar prisioneiros rebeldes.
Se for considerado culpado, ele pode ser condenado a 20 anos de prisão.
Montesinos está cumprindo uma sentença de oito anos de prisão por ter dado verbas do Estado para que um político usasse na campanha eleitoral de Fujimori. Além disso, ele também cumpre nove anos por abuso de poder.
