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À juíza, delegado diz que estava alcoolizado em gravações da PF

O delegado da Polícia Federal José Augusto Bellini disse que muitas de suas conversas gravadas pela Polícia Federal durante a Operação Anaconda não podem ser tomadas ao pé da letra, já que vivia alcoolizado.

O delegado da Polícia Federal José Augusto Bellini disse que muitas de suas conversas gravadas pela Polícia Federal durante a Operação Anaconda não podem ser tomadas ao pé da letra, já que vivia alcoolizado.

Bellini foi interrogado ontem pela desembargadora Therezinha Cazerta, no TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região (em São Paulo).

O alcoolismo, segundo o delegado, levava-o a dizer coisas que não “correspondiam à verdade”. Em outras ocasiões, Bellini disse ter sido fantasioso para tentar impressionar a mulher, que o abandonara por causa de seus problemas com bebida.

O delegado incluiu nessa categoria a conversa telefônica em que disse conhecer o juiz federal Ali Mazloum. Bellini disse ter citado o nome do juiz só para impressionar a mulher e fazer com que ela aceitasse um encontro.

As menções a reuniões com juízes que faz em outras conversas, segundo o delegado, eram uma forma de enganar a mulher. Essas reuniões não existiam, na versão dele. Eram um álibi para se encontrar com outras mulheres.

Bellini disse que seu nome aparece num livro-caixa encontrado no escritório de advocacia de Affonso Passarelli Filho porque vendeu três carros ao agente da PF César Herman Rodriguez.

Questionado sobre as marcas dos carros, Bellini declarou não se lembrar. Contou que não sabia nem que carro tinha porque já não dirige –um dos efeitos do alcoolismo. “Carro para mim é tudo igual. Basta andar”, afirmou, arrancando risos da platéia de desembargadores, advogados e promotores.

Sobre sua detenção em São Vicente (SP), por ofender e ameaçar com uma pistola uma vendedora, afirmou que se sentiu humilhado ao receber a voz de prisão de um tenente da Polícia Militar já que fora o primeiro delegado da PF a receber o título de classe especial.

Bellini pediu à desembargadora Cazerta que o libertasse da prisão porque precisa trabalhar, não tem outra fonte de renda e está prestes a se aposentar. Diz que se sente desmoralizado por estar às vésperas da aposentadoria e ser sustentado pela mulher.

O delegado parece não se lembrar nem quando entrou na PF. Mencionou quatro períodos diferentes nas diversas vezes que falou sobre a extensão de sua carreira: 29, 30, 35 e 39 anos.

O policial está detido em São Paulo desde o final de outubro passado sob a acusação de integrar uma quadrilha de juízes, advogados, policiais e empresários que vendia sentenças judiciais. Ele usaria de sua influência para reorientar investigações policiais para favorecer sua clientela.

O advogado de Bellini, José Waldir Martim, afirmou que deve entrar com um pedido de habeas corpus ainda nesta semana. Ainda ontem, Martim pretendia entrar com pedido de devolução dos bens de seu cliente –apreendidos pela PF por ordem judicial.

O defensor alega que as provas apresentadas pelo Ministério Público Federal são ilícitas. Segundo ele, a Justiça deveria analisar as escutas telefônicas integralmente. “Estou cada vez mais convicto de que a degravação tem que ser por inteira, e não por partes.”

Segundo Martim, os comentários de Bellini analisados pela Justiça tratam-se de brincadeiras. “Quem conhece o doutor Bellini há anos sabe das bravatas que ele fala”, afirma.

O advogado disse que seu cliente admite conhecer o juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, mas que não era próximo dele. Rocha Mattos divide com Bellini a carceragem da PF e é acusado de liderar a quadrilha de venda de sentenças.

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